Justiça

Exigência de visão perfeita faz Ministério Público pedir suspensão de matrículas em concurso da PM

Rigor nos critérios de acuidade visual pode prejudicar candidatos aprovados



Para Coronel Waldir Acosta, policial pode usar lentes no trabalho - ACERVO



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O Ministério Público Estadual quer a suspensão do concurso da Polícia Militar e Bombeiros, comemorada recentemente pelo governo estadual e publicado o resultado final, por conta de diversas ações que podem “prejudicar os demais candidatos”. As ações dizem respeito ao uso de óculos e visão “perfeita” exigidas nos editais. Recentes decisões mostram que concursos não podem exigir os níveis de “acuidade visual” que o concurso da PM e dos Bombeiros exigiam.

O pedido foi feito em regime de urgência ao desembargador Júlio Roberto Siqueira Cardoso, relator das ações.

“Ocorre que, por não terem sido alcançadas decisões com trânsito em julgado, o Estado deu continuidade ao certame, apesar das violações aos princípios constitucionais apontados, trazendo prejuízos aos candidatos que não tiveram seus direitos individuais homogêneos garantidos”, destaca o pedido feito pelo promotor Eduardo Cândia.

Decisão da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, do juiz David de Oliveira Gomes Filho, havia permitido que vários candidatos, que usam óculos e lentes de contato, continuassem a participar do concurso.

A exigência do edital do concurso gera controvérsias. Advogado e juiz aposentado, Odilon de Oliveira avalia que é inconstitucional a medida. O Estado impõe que seus policiais enxerguem como aves de caça. E a evolução da medicina oftalmológica não é levada em conta pelo Estado de Mato Grosso do Sul?”.

Segundo ele, a Constituição garante a presença nos concursos de quem usa óculos. “A Constituição Federal preceitua que “o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacidade científica e tecnológica e a inovação”. Nesta norma está contida a necessidade de o Estado estimular o fortalecimento da inovação, de diversas maneiras, incluindo o emprego de óculos e de lentes de contato por policiais”

Já o comandante da PM, coronel Waldir Acosta, pontua que o trabalho policial pode ser feito com as “lentes. “Na PM não temos nada que defina (se pode ou não usar lentes corretivas). Se for tolerável, o que estiver na legislação, não tem problema”, avalia. Quanto ao pedido do MPE, ele comentou que não há notificação sobre o pedido do MPE, ainda. 

Para o ex-deputado estadual e ex-comandante da PM, coronel Ivan de Almeida, a exigência do edital em nada beneficia o trabalho policial. “Não faz diferença usar óculos e não atrapalha. Pode ver que os policiais, assim que entram na corporação, já querem usar o (óculos) Rayban”, comenta. “Isso (a polêmica em torno das suspensões do concurso que já dura mais de dois anos) parece até proposital para enrolar mais a convocação do concurso”, pontua.