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Deborah Evelyn se liberta de imagem densa na pele da divertida e fogosa Lyris

No desenvolver da história, por conta da falta de apetite sexual do marido, a dondoca passa a ter experiências com outros personagens da trama



Deborah Evelyn, a Lyris de "A Dona do Pedaço". (Foto: Divulgação/TV Globo)



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Depois de tantas personagens chorosas e densas, Deborah Evelyn assume que adora um drama. No fundo, entretanto, ela sempre ansiava por um convite que a tirasse da mesmice. A espera acabou com a Lyris de “A Dona do Pedaço”, novela que chega ao fim no próximo mês e que rendeu alegrias e diferentes sensações para a atriz. No desenvolver da história, por conta da falta de apetite sexual do marido, a dondoca passa a ter experiências com outros personagens da trama. Esse movimento em relação à satisfação própria de Lyris é motivo de empolgação para Deborah, que vê na atitude uma “quebra” nos padrões sobre o prazer feminino na teledramaturgia. “Antes toda essa questão sexual era pensada a partir das necessidades do homem. Ter uma mulher madura que gosta e faz sexo no horário nobre sem grandes tabus é divertido e interessante”, analisa a atriz de imperceptíveis 53 anos.

Natural do Rio de Janeiro, Deborah tinha 17 anos e estava passando uma temporada em São Paulo quando decidiu matricular-se na Escola de Arte Dramática da USP. Por obra do destino, em uma de suas apresentações para a banca examinadora do curso acabou sendo vista pelo prestigiado diretor Walter Avancini, que a convidou para um pequeno papel na minissérie “Moinhos de Vento”, exibida pela Globo em 1983. A partir daí, a atriz desenvolveu uma frutífera carreira recheada de personagens de forte densidade, como a mimada Lenita de “A Gata Comeu”, a romântica Frida de “Fera Ferida” e a neurótica Beatriz de “Celebridade”. Mais recentemente, passou a ser chamada para viver vilãs em tramas como “Caras & Bocas” e “Tempo de Amar”. Sem sentir qualquer crise em relação ao passar do tempo e os convites para novos projetos, Deborah vem trabalhando com novos autores e diretores e investido muito no teatro. “É engraçado, mas a maturidade me trouxe mais oportunidades de personagens. Vivo um momento de muita diversificação e é esse caminho que quero trilhar”, valoriza.

P - Você sempre foi vista como uma atriz essencialmente dramática. Como é caminhar pelo humor e sensualidade na pele da Lyris?

R - É uma alegria. Realmente, tive personagens extremamente densas ao longo da carreira. E se fosse pelo resumo da personagem: “a mulher que faz de tudo para salvar o casamento e descobre que o marido é gay”, parecia que vinha mais um tipo choroso por aí. Acontece que tudo foi realizado de maneira tão leve que a Lyris acabou levantando a bandeira da independência emocional feminina e da sexualidade depois dos 50 anos. Eu achei fantástico.

P - Próximo do fim de “A Dona do Pedaço”, você acredita que a personagem tenha mudado a percepção que o público tem do seu trabalho?

R - Acho que sim. A repercussão da Lyris é muito boa. Acho que ajudou muito o fato de ela ser uma pessoa para cima e ter conseguido dar uma virada na própria vida. Ela começou a novela em um casamento totalmente falido e foi trilhando por um caminho de libertação. É claro que ela sofreu ao saber que o marido era gay, mas não foi o fim do mundo. Aliás, Walcyr (Carrasco) tem tratado esse tema de forma muito natural, que é como deve ser. O marido não a queria mais e ela foi atrás da própria felicidade. Fiquei impressionada com o tanto de gente que fala comigo que viveu ou vive uma situação parecida com a da personagem (risos).

P - Em que sentido?

R - Tanto na questão de descobrir que o marido é gay, passando por perceber que, mesmo heterosexual, já não existe mais o desejo, e chegando à “terceirização” (risos), uma gíria ótima que acabou virando o bordão da Lyris e significa buscar outros parceiros para a própria satisfação. Muitas mulheres me disseram que se inspiraram na história e foram atrás do tempo perdido.

P - Foi tranquilo protagonizar tantas cenas sequências sensuais?

R - Cena de sexo é sempre muito complicada. A gente fica muito exposta fisicamente e precisa parar de pensar que a sequência vai passar na casa de milhões de pessoas. Tive parceiros de cena respeitosíssimos e uma equipe muito cuidadosa. Me senti segura para fazer o que estava no texto, amei o resultado e ainda ajudei a quebrar um pouco os paradigmas sobre a sexualidade da mulher madura em pleno horário nobre

R - Lyris foi se desenvolvendo aos poucos para não assustar (risos). Acho que as pessoas estão entendendo mais sobre os direitos femininos. Sexo é uma coisa boa e saudável e todos temos direito a nos satisfazer do jeito que queremos. Os homens têm isso desde sempre. Estamos em 2019 e acho natural ter uma personagem do tipo. Walcyr é um autor muito conectado com o que está nas ruas.