Geral

Com a umidade em queda é necessário beber bastante água e evitar o desgaste físico

Alérgicos devem redobrar os cuidados até na hora do banho neste período



Médica Maria das Graças Spengler alerta para as complicações do tempo seco na pele e no sistema respiratório - Foto: Acervo Pessoal



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A umidade relativa do ar é a quantidade de água existente no ar de uma região em relação ao limite máximo de H20 possível dentro da mesma temperatura, de acordo com um determinado horário ou período de tempo tomado como referência. 

Quando a umidade estiver baixa, pessoas que sofrem de doenças respiratórias precisam ficar atentas, pois possuem um organismo mais vulnerável à queda desse índice, que é calculado por porcentagem e varia de 0% a 100%.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até o ano de 2025, a quantidade de pessoas com asma em todo o planeta chegará a 400 milhões. É um número igual ao da multidão de pacientes que atualmente apresentam um quadro de rinite – irritação nas narinas, coceiras, espirros, ardor nos olhos. 

Qualquer alteração climática costuma ser um prato cheio para quem sofre de alergias e, assim como a pele, os órgãos do aparelho respiratório costumam ser os mais vulneráveis às reações alérgicas.

Com o clima cada vez mais seco e a umidade relativa do ar ameaçando cair para menos de dois dígitos, o organismo fica ainda mais frágil e passa a requerer alguns cuidados especiais, seja na rua, seja em casa. 

Mesmo na hora do banho ou no momento de dormir, é preciso ter atenção e não abusar da água, sabonetes e umidificadores. O que pode parecer exagero torna-se um pequeno manual de sobrevivência se lembrarmos que a umidade relativa de Campo Grande tem chegado às médias do que se registra e se sente em áreas de deserto, onde a umidade gira entre 12% e 9%.

“A pele e o aparelho respiratório têm o que chamamos de órgãos de choque para as alergias”, afirma a alergologista Maria das Graças Spengler.

“Esses dois sistemas sentem bastante esse clima muito seco e especialmente quando está frio também”. Para eliminar tanta secura no corpo, a recomendação geral da médica para toda a população é “hidratar”. A pele dos alérgicos – entre eles “pacientes com rinite e bronquite e a dermatite atópica [coceira na pele]” – costuma ter menos oleosidade e água do que o normal.  

Para esses casos, a especialista recomenda cuidado redobrado. “Porque a pele realmente fica muito mais sensível e a pele muito seca provoca prurido, que é coceira na pele, e favorece lesões, a abertura de uma porta de entrada para infecção”.

O ressecamento também deixa as vias respiratórias propensas a uma reação. “O ar seco e frio irrita a mucosa, tanto nasal, da pessoa que tem rinite, quanto dos brônquios, da pessoa que tem asma. Então isso pode realmente desencadear crises, além de provocar ressecamento e dor de garganta, e aumentar predisposição à epistaxe, que é o sangramento nasal”, informa a especialista.

BANHOS E HIDRATANTES

Além da ingestão de bastante líquido, Maria das Graças afirma que o uso de loções e óleos hidratantes torna-se fundamental. “É muito importante, tem de ser aplicado de maneira farta, generosa, em toda a pele do corpo, principalmente nos primeiros minutos após o banho”, ressalta a médica.

“A pessoa usaria ainda com a pele ligeiramente úmida. Sai do banho ainda sem secar a pele totalmente e, nos primeiros três minutos após o banho, ela já aplica o hidratante, fartamente, no corpo inteiro. De preferência, um hidratante que não tenha perfumes em excesso porque algumas substâncias podem ser sensibilizantes e provocar alergias, como perfumes muito coloridos. O hidratante simples mesmo, comum, que pode ser usado duas vezes ao dia quando a pele é muito seca. Mas isso não quer dizer que a pessoa tem de tomar dois banhos ao dia. A segunda aplicação pode ser, então, independente do banho. E isso diariamente”.

Na hora do banho, que deve ser rápido, com água morna e uso comedido de sabonete, de preferência líquido, a dica é criar um certo vapor no banheiro: “abrir o chuveiro quente antes do banho e fechar o banheiro, deixar criar um pouquinho de vapor ali dentro, depois colocar a água na temperatura satisfatória e tomar banho com aquele vapor dentro do banheiro”, recomenda Maria das Graças, que é presidente da Regional Mato Grosso do Sul da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

SORO E UMIDIFICADORES

Para as vias aéreas, além do método tradicional, ou seja, beber muita água, a médica sugere, a depender do caso, o uso de soro fisiológico para hidratar as narinas. “Gosto de indicar também as toalhas úmidas para melhorar as condições do ar no ambiente onde a pessoa estiver; pode colocar no quarto, na sala, onde ela quiser”. 

Já os aparelhos umidificadores devem ser usados com bastante atenção. É comum posicioná-los muito próximos da cama, o que pode aumentar a proliferação de ácaros no local. “O ideal é que ele seja colocado de uma forma que possa atender um espaço maior do ambiente e não ficar direcionado para a cama da criança ou seja de quem for”.

ATLETAS E BEBÊS

Aos adeptos da ginástica, práticas esportivas ou qualquer tipo de malhação, a médica diz que “não é muito recomendado fazer exercícios físicos intensos e vigorosos” quando o ar estiver muito seco, “especialmente se estiver fazendo muito calor”.  

E para crianças pequenas, de até três anos de idade, que sofrem de alergias e têm a pele ressecada, Maria das Graças Spengler sugere uma alternativa, de menor custo, aos pijaminhas importados com hidratante na fórmula do tecido. Trata-se do duplo pijama.

“A criança toma um banho, depois passa bastante hidratante no corpo, aí veste um pijaminha úmido bem torcidinho, bem justinho no corpo e depois um segundo pijaminha por cima um pouco mais folgadinho e seco. Ela fica mais ou menos 12 horas com aquele pijaminha úmido hidratando a pele. Mas isso a gente usa como tratamento, não é uma recomendação para a população em geral”. (MP)

 
 

Umidade já chegou a 11%

A umidade relativa do ar, que já estava baixa, despencou na semana passada e levou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a decretar estado de alerta laranja para Campo Grande e mais 69 municípios de Mato Grosso do Sul no sábado (8). 

O alerta laranja é acionado quando a umidade varia de 20% a 12%, provocando ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz, além do risco de incêndios florestais.

Com o seu higrômetro portátil, o meteorologista Natálio Abraão chegou a verificar o registro de 11% de umidade relativa no início da Avenida Eduardo Elias Zahran, na quarta-feira (5), quando a medição oficial registrou 16%. 

“Foi por volta das três e meia da tarde”. Abraão conta que, no dia 14 de agosto de 2018, a capital experimentou a sua umidade mais baixa, 10%. Ou seja, Campo Grande entrou em alerta vermelho.

Nessas condições, torna-se necessário restringir o horário de qualquer atividade ao ar livre, proibir aglomeração de pessoas em locais fechados, redobrar os cuidados com crianças e idosos e lubrificar narinas e olhos. A menor umidade registrada no estado foi de 7%, marca registrada em Cassilândia, em 7 de setembro de 2011.