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Educação: Ensino básico à distância deve ser expandido após pandemia

Mesmo após retorno às escolas, ainda sem data para acontecer, plataforma do Google continuará em uso para os 210 mil alunos



Alunos sem internet podem acessar sistema na escola - Foto: Álvaro Rezende / Arquivo / Correio do Estado



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Em testes desde o ano passado, a plataforma Google Sala de Aula será o meio pelo qual a Rede Estadual de Ensino (REE) de Mato Grosso do Sul vai garantir as atividades aos 210 mil alunos, em meio à pandemia da Covid-19 – doença causada pelo novo coronavírus. E após a crise, a ferramenta pode ser aliada dos professores para expandir a possibilidade de testar o conhecimento dos alunos.

“Há a possibilidade de se aplicar atividades complementares e lançar tarefas de casa”, frisou Paulo Cezar Rodrigues, superintendente de informação e tecnologia da Secretaria de Estado de Educação (SED).

A implantação do sistema na REE não terá custo ao governo do Estado, garante o superintendente. O programa foi viabilizado por meio de uma parceria com o Google. Desde o ano passado, duas escolas do interior já usavam a plataforma, e a pandemia forçou a SED a adotar a ferramenta.

“É extremamente dinâmica tanto para o professor quanto para os alunos, pois permite que sejam aplicadas atividades síncronas e assíncronas. Estarão todos em uma sala virtual, podendo haver interações entre professores e alunos e entre os próprios alunos e toda a dinâmica de uma sala de aula física”, explicou Rodrigues.

Assim, em caso de dúvida, o aluno pode executar as atividades no horário de aula, procurando o professor por meio do recurso de chat do Sala de Aula, ou realizá-las em outro período. Além de todos os 210 mil alunos, 15 mil professores terão acesso à plataforma.

Os estudantes podem usar  dispositivos como computador ou smartphone. Quem não tem acesso à internet deve procurar sua escola para executar as atividades nas salas de tecnologia educacional ou solicitar a impressão dos cadernos e levar para casa. A orientação é telefonar para a unidade e agendar um horário para ambas as situações.

Por enquanto, não serão aplicadas provas. “Aguardamos orientação do Conselho Nacional de Educação”, destacou o superintendente, esclarecendo que uma nota técnica vai orientar as escolas como proceder nessa situação.

No retorno, alunos em defasagem vão passar por recuperação paralela às aulas para solucionar dificuldades que tenham durante a suspensão. Desde 23 de março, a rede está operando das casas de docentes e de estudantes.

PREOCUPAÇÃO

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, a iniciativa é positiva, mas a entidade não quer que o sistema se torne o padrão da REE. “Somos favoráveis ao ensino presencial e contra seja qual for o tipo de ensino a distância na Educação Básica. As famílias têm realidades diferentes, nem todas têm acesso a essa tecnologia, tampouco conteúdo ”.

As férias serão antecipadas de julho para maio, situação definida ontem em reunião entre a SED e a Fetems. “Na primeira quinzena vão decidir se será antecipação do recesso do meio do ano ou simplesmente a prorrogação das aulas remotas. Até dia 19 de maio não haverá aula. Não é uma decisão só da secretária de Educação”, disse Teixeira.

O presidente do Conselho de Diretores das Escolas de Campo Grande (Condec), Leandro Colombo, confirmou que entre 4 e 18 de maio serão antecipadas as férias, e o retorno das aulas presenciais não está confirmado no dia 19 para os alunos da REE. “As férias mesmo agora vão ser antecipadas. Aí provavelmente volta continuando com EAD [aulas não presenciais], mas nada foi publicado. O que está garantido é que as férias vão ser de 4 a 18 de maio”, afirmou.

COMPROMISSO

Para o doutor em Educação e especialista em Ensino a Distância Jeferson Pistori, esse momento em que os alunos estão estudando em casa serve para dar autonomia e responsabilidade. “O aluno precisa se adaptar. Precisa ter um espaço adequado para os estudos e roteirizar seu dia a dia”, explicou o docente, que é diretor de Educação a Distância da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

As primeiras semanas podem ser difíceis tanto para o professor como para o estudante. “Tem de ter um cuidado com a capacitação do professor. E esse primeiro contato precisa de acompanhamento da equipe pedagógica, porque o aluno pode abandonar ou gostar da plataforma”, pontuou.

O acompanhamento da família é primordial, mesmo para os pais que normalmente não participam da rotina escolar. “Principalmente nos anos iniciais, é preciso criar uma rotina e acompanhar de perto. Os pais precisam encontrar tempo, mesmo que seja 30 minutos por dia para ver se as tarefas estão sendo feitas”, finalizou.