Policial

Matheus Xavier foi morto com tiros de AK-47, mas arma nunca foi encontrada

Audiência sobre o caso foi realizada nesta terça-feira



Audiência foi realizada no Fórum de Campo Grande. Foto: Leonardo de França



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Nesta terça-feira (03), durante a segunda etapa das audiências envolvendo a execução de Matheus Coutinho Xavier, filho do ex-capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, uma das testemunhas de acusação reafirmou que a arma do crime foi uma Ak-47 que teria sido usada em outras execuções. Tais ações são atribuídas à milícia chefiada por Jamil Name, preso no âmbito da Operação Omertà.

A testemunha, que é policial do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros), disse à Justiça no Fórum de Campo Grande que, apesar de levantamentos terem identificado o tipo de arma usada para matar Matheus, o fuzil jamais foi encontrado. No local foram recolhidas apenas as cápsulas. Além disso, ressaltou que o ex-guarda civil municipal Marcelo Rios, preso com arsenal, foi responsável por esconder o armamento.

São réus neste processo Jamil Name, Jamil Name Filho, Vladenilson Daniel Olmedo, José Moreira Freiras, Juanil Miranda Lima, Marcelo Rios e Eurico dos Santos Mota. Em seu depoimento, o delegado do Garras, Fábio Peró, lembrou que após a operação, recebeu ameaças de morte dos milicianos. Ele afirmou ainda que o outro ex-guarda, José Moreira Freires, o Zezinho, teria abandonado o veículo Ônix branco usando para transportar os executores. O carro foi queimado na MS-040. Zezinho tinha uma chácara nas proximidades e conhecia bem a região. 

O Ônix havia sido furtado em Suzano (SP) e trazido para Mato Grosso do Sul, onde passou a usar placas clonadas. O delegado Carlos Delano, da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios), disse que o carro foi identificado como o mesmo usado no assassinato por fatores como, relato e gravação feita por testemunha, imagens de câmeras de segurança e também pelo fato de ter sido queimado. Uma das práticas comuns do crime organizado é a destruição do veículo após o crime, como forma de dificultar as investigações.

Liliane Caminha, também guarda civil municipal e ex-mulher de Marcelo Rios, afirmou que conviveu com o réu por dois anos e se separou após a prisão. Quando questionada sobre as armas de fogo do então marido, ela disse que desconhecia haver qualquer armamento no imóvel que Marcelo visitava no Jardim São Bento, na Rua José Luís Pereira. A casa estava no nome de Jamil Name e Liliane declarou não ter notado nada suspeito. No entanto, foi lá que o Garras apreendeu o arsenal da milícia.

Ao todo foram ouvidas quatro testemunhas de acusação. Duas delas faltaram, mas devem prestar depoimento na próxima audiência, com data ainda a ser definida pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital. Na oportunidade devem ser ouvidas 18 testemunhas de defesa de Jamil Name e comparsas. Conforme já divulgado pela polícia, Matheus foi morto por engano no lugar do pai. O ex-capitão tinha assuntos pendentes com a família Name e por isso era tido como alvo. Contudo, na data da execução era o filho quem dirigia a caminhonete quando os pistoleiros agiram.

Execução

Matheus foi assassinado com sete tiros de fuzil em frente a sua casa, no dia 9 de abril de 2019. A execução do jovem de 20 anos teria sido por engano, já que o pai dele, Paulo Xavier, seria o alvo dos pistoleiros. Um dos envolvidos na situação é o guarda municipal que foi peça-chave na deflagração da Operação Omertà, Marcelo Rios – considerado gerente do grupo. 

 

Em depoimento da mulher de Rios, arrolada como testemunha, ela revelou que ele teria desobedecido uma ordem para contratar novos pistoleiros para executar a “missão” de matar Xavier, acionando o mesmo “time” de assassinatos anteriores.

Rios chegou a relatar para a mulher que “a cabeça dele iria rolar” e, diante do erro na execução do crime, ficou desesperado, ficando inclusive sem comer e dormir, segundo relatado pela testemunha em depoimento ao Gaeco.

O guarda municipal fazia segurança para os Name e também era quem intermediava a contratação de outros seguranças e pistoleiros para executar os crimes determinados pela suposta milícia armada. Em depoimento, ele disse que os executores do crime foram os ex-guardas Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires, o Zezinho.