Comportamento

Depois de 25 anos, Fernando realizou o sonho de ouvir a Sete Galo cantar de novo

Uma das motos mais raras produzidas no Brasil, a Honda CBX 750 era o sonho do motorista desde os 15 e trouxe muitas memórias



(Arquivo Pessoal)



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Sonhos de infância seguem conosco pelo resto da vida. Por 25 anos, Fernando Ceolin Baziquetto, motorista do Jornal Midiamax, manteve na memória uma moto que viu passando quando tinha apenas 15 anos. Em fevereiro de 2020, agora com 40 anos, realizou o sonho de ter uma Honda CBX 750 pintura Hollywood de 1987, a “Sete Galo”, considerada por mutos a mais rara de todas as Hondas.

O desejo pela moto aconteceu depois um encontro inesperado com a hoje relíquia de duas rodas quando Fernando morava na cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo. O ronco do motor chamou a atenção dele e de um amigo, Cledimar, quando estavam em uma praça.

“Aquele barulho, aquele som ficou no meu ouvido. Virei pro meu amigo e falei: ‘o dia que eu tiver condições, é essa moto que eu quero ter’. E aquilo ficou na minha cabeça. Fui crescendo, estudando, fazendo curso e a vida deixou de ser fácil”, conta.

Um dos maiores incentivadores foi o irmão. Logo que se mudou para Campo Grande, foi presenteado com um desenho da moto feito à mão em um papel de caderno guardado até hoje, já que o sonho ainda não era concreto.

(Arquivo Pessoal)

Honda Sete Galo

Mas porquê era conhecida como “Sete Galo”? A moto é uma 750. No jogo do bicho 50 é galo, portanto 7+50 = sete galo. O motor possuía 82cv o que levava a motocicleta de 0 a 100Km/h em 5,5 segundos, e tinha uma velocidade máxima de 214Km/h. Seus escapes eram 4×2, tinha freios a disco nas duas rodas e faróis duplos.

(Reprodução, Revista Best Riders)
 

No Brasil, essa supermáquina era vendida a Cz$400.000, equivalente a US$29.050, por isso ganhou mais um apelido: o de “750 mais cara do mundo”. Em 1994, a “7 galo” deixava o mercado nacional com um total de 11.312 motos vendidas. Para muitos, ainda hoje, esse modelo ainda causa fascinação e é difícil vê-la pelas ruas do país ou em alguma loja de motos usadas. Uma verdadeira relíquia.

Conquista

Apesar disso, Fernando lembra que sempre que estava perto de realizar o sonho, alguma adversidade o impedia. Mas mesmo assim não desistia. Durante 8 anos juntou dinheiro para conseguir adquirir a moto, sempre incentivado pela esposa.

Em dezembro de 2018, depois de um susto, uma internação por pancreatite e gota por 11 dias, pensou que não teria mais chance de comprar a moto. Mas por uma vontade de Deus, mesmo com injeções de insulina e remédios controlados, conseguiu se reerguer.

“Cheguei a comentar com a minha esposa no leito do hospital: ‘vou morrer e não vou conseguir comprar uma moto daquelas’. Chego até a me emocionar ao lembrar, ela é minha testemunha. Pode ser simples para algumas pessoas, mas não é. Tive sorte que minha recuperação foi rápida e melhorei”, relembra.

(Arquivo Pessoal)

Depois disso, Fernando juntou o dinheiro das férias, encontrou um bom vendedor disposto a oferecer a relíquia em duas rodas, a tão sonhada Honda Sete Galo, por um preço bacana. Aqui no Mato Grosso do Sul, o preço dos colecionadores é mais alto, mas por sorte um dos anúncios cabia no orçamento e no tempo certo.

Ao comprar e postar sobre a realização do sonho nas redes sociais, aquele amigo, daquele dia há 25 anos atrás, veio parabenizar o antigo amigo pela conquista e pela promessa cumprida que eles dois, jovens do interior, fizeram naquela praça quando a Sete Galo passou cantando.

“Pode ser uma tampa de garrafa, se você tem um sonho de ter algo, um objetivo, não desista dele. Vão ter pessoas que vão te desanimar, falar que não consegue. Mas não desista. Não deixe que falem que você é incapaz, incompetente. Tenha fé em você e confie em si mesmo. Só eu sei pelo que passei para conquistar essa moto, esse sonho. Mas eu comprei”, finaliza