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Portuguesa, Aldina mantém bar há décadas com bolinho de bacalhau e até pé de uva em MS

Espaço foi inaugurado em um trailer em 1998, desde então o negócio avançou e hoje é uma grande família



Aldina ama o que faz e diz que atender seus clientes a mantém na ativa. (Foto: Henrique Kawaminami)



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Inaugurado a primeira vez em um trailer e com o nome Manelitos Lanches, em homenagem ao pai, o espaço de Aldina Maria Loureiro, de 63 anos, foi se transformando nas últimas duas décadas até ganhar a sua cara. Nascida em Figueira da Foz, distrito de Coimbra, em Portugal, a proprietária chegou a Campo Grande aos 12 anos e, por aqui, fixou suas raízes. Do cafezinho às 6h30 ao tra dicional bolinho de bacalhau, a portuguesa é a simpatia que faz do lugar um referência no Monte Líbano, em Campo Grande/MS.

'Lanchonete da Portuguesa, Com Certeza'. Essa é a frase da fachada verde e amarela e o Lado B entrou para conhecer essa história. Logo de cara, o cliente se sente num verdadeiro quintal de uma casa. Com mesas na varanda e uma linda parreira de uvas, Aldina atende a todos como verdadeiros amigos.

A reportagem chegou à lanchonete e Aldina estava atendendo. Se dizendo surpresa com a visita pediu licença e rapidinho correu para trocar a blusa que usava. A simpatia é reflexo da alegria de fazer o que gosta, já que viver rodeada de pessoas a mantém na ativa, garante.

 

Filha única, Aldina veio de Portugal ao lado da mãe. O pai tinha vindo na frente um ano e meio antes. Por aqui estudou, namorou, se casou e constituiu família. “Quando meus filhos estavam entre 15 e 18 anos, eu e meu marido estávamos muitos endividados e eu voltei para Portugal para trabalhar. Naquela época, o país estava no auge. Meu marido também português foi e voltou duas vezes', conta.

Com os filhos muito jovens, Aldina garante que precisou pôr à balança a decisão de sair do país. “Com dois filhos adolescentes e a filha na faculdade pensei muito, pois não queria deixá-los sozinhos ou dar trabalho para minha mãe, mas acabei indo trabalhar. Fiquei um ano e meio e trabalhei em duas panificadoras. Economizei muito, trouxe dinheiro em dólares, paguei dívidas, fiz a formatura da minha filha, comprei um Passat Pointer, que na época estava no auge. Sobrou uma “merrequinha', que eu comprei o trailer e instalei aqui no terreno', conta.

O trailer foi instalado no terreno, mas foi só em 1998 que passou a funcionar. Aldina conta que ao lado existia um pé de caju, onde funcionários do Comper vinham descansar à sombra dele depois do almoço. Dentro do terreno, ainda tinha muito mato, e alguns vizinhos jogavam lixo. “O tempo passou, o dinheiro acabou e meu marido ficou desempregado. Vi a oportunidade de colocar o trailer para funcionar', lembra.

A mãe de Aldina plantava muitas coisas no terreno, entre elas alface. Ela recorda que os primeiros lanches foram feitos com a folhagem do quintal. O negócio foi encaminhando, chegou a ser arrendado, mas Aldina é essência do ponto e voltou para o balcão.

Dentro do estabelecimento, um pé de uva tem a idade da lanchonete. Em diversas colheitas, os cachos da fruta eram presentes aos clientes. O carro-chefe da casa é o tradicional bolinho de bacalhau e o Lado B nem conseguiu fotografá-los, pois já tinham esgotado. Outro queridinho dos clientes é o cafezinho das 6h30, muitos já esperam na porta. 'Assim que abro, já tem clientes esperando. Também sirvo a costelinha de pacu, porções e cervejinha gelada', frisa.

Dos três filhos, o do meio ajuda Adtina durante o dia e o genro à noite. A portuguesa sempre esteve à frente da lanchonete, o marido nunca gostou de atendimento em bar. Atualmente, os dois estão separados.

Aldina recebe clientes que a acompanham desde a abertura e já foi 'psicóloga' de muitos. Mesmo sendo uma mulher, a proprietária garante que sempre soube lidar o comércio e nunca foi desrespeitada. “Eles desabafam, pedem conselho e vou ouvindo. Às vezes me envolvo em alguma discussão, mas eles mesmos se apaziguam', garante.

Aldina ama o Brasil e, em todos esses anos, nunca teve vontade de voltar à Portugal para morar. 'Eu faço o que eu gosto e isso é a coisa mais importante da nossa vida. Me sinto bem, tenho meus clientes e a gente procura atender da melhor maneira. Conheço a maioria pelo nome e muitos já faleceram. Estar aqui me mantém viva', finaliza.