Policial

Corregedoria apreende material na Delegacia de Homicídios e apura destruição de provas

Unidade da Polícia Civil tocava investigação de execuções em Campo Grande citadas em investigações da Operação Omertà



Marcelos Vargas à direita e Carlos Videira, diretor da Sejusp, à esquerda (Foto: Arquivo, Midiamax)



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A DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) de Campo Grande foi alvo de diligências da Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e teve material apreendido em procedimento que investiga suspeitas de conduta ilícita na unidade policial, como destruição de provas. A Corregedoria não negou as apreensões à reportagem, mas disse que apenas a Diretoria Geral poderia se manifestar. Oficialmente, a Polícia Civil não confirmou.

No entanto, segundo apurou o Jornal Midiamax, pelo menos um computador foi apreendido na delegacia especializada e será submetido a análise durante as investigações. A suspeita seria de que policiais tenham apagados arquivos relacionados a crimes de pistolagens investigados pela DEH.

A Delegacia Especializada de Homicídios investigava os homicídios de Ilson Martins, Orlando da Silva e Matheus Coutinho, todos relacionados à organização criminosa desmantelada durante a Operação Omertà, deflagrada no dia 26 de setembro deste ano pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público Estadual e pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros).

Nas investigações, relatório do Gaeco revelou que o ex-guarda municipal Marcelo Rios, preso em maio deste ano com um arsenal de guerra em uma casa pertencente a Jamil Name e Jamil Name Filho, investigados na Omertà, entregaria R$ 100 mil a um delegado de Polícia Civil, dias depois ao assassinato de Ilson, então chefe de segurança da Assembleia Legislativa e sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.

Marcelo teria recebido uma ligação, poucos dias depois da morte de Ilson, na qual ele afirmava que iria na delegacia entregar o dinheiro, R$ 100 mil, em mãos para o delegado. Ainda revelou que o motivo do assassinato de Ilson, em junho de 2018, seria pela morte de Daniel Alvarez Georges, 43 anos, filho de Fahd Jamil. O chefe de segurança foi acusado de ‘sumir’ com Daniel em maio de 2011 e o corpo nunca foi localizado.

Dança das cadeiras na DGPC

Coincidentemente após as diligências da Corregedoria na DEH, na segunda-feira (11), o delegado-geral da Polícia Civil de MS, Marcelo Vargas, publicou uma série de mudanças em cargos estratégicos na cúpula da instituição, e trocou titulares de delegacias, incluindo a Delegacia Especializada de Homicídios.

No Diário Oficial, o ato de Marcelo Vargas que mais chamou a atenção nos bastidores da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) foi a dispensa do delegado Pedro Espíndola de Camargo, que ocupava a Diretor do Departamento de Polícia Especializada de MS.

 

Espíndola pediu dispensa e foi removido, ‘ex-oficio, no interesse da administração’, para assumir a Assessoria de Gestão de Processo e Planejamento da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

Também foi publicado o retorno do delegado Carlos Delano ao cargo de titular da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios). Ele havia sido removido para a Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul em abril deste ano, deixando a especializada de homicídios.

Delano foi removido da delegacia de homicídios quando estava à frente de execuções ocorridas na Capital, como do Ilson Figueiredo, Orlando Bomba e Matheus Coutinho, além do caso do boliviano Alfredo Rangel Weber, morto no dia 23 de fevereiro deste ano, pelo delegado Fernando Araújo de Corumbá.

Para o cargo, na época foi designado o delegado Márcio Shiro Obara, que já tinha sido titular da especializada e foi removido para a 3º Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande. Seis meses depois, em 1º de outubro, Obara foi removido por Marcelo Vargas, com prejuízo das funções, para a Delegacia Regional de Ponta Porã.

A remoção de Obara aconteceu após a deflagração da Operação Omertà, no dia 27 de setembro.

Em nota oficial, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul negou que a ‘dança das cadeiras’ iniciada na cúpula do órgão nesta segunda-feira (11) tenha a ver com desdobramentos da Operação Omertà e disse que as mudanças seriam ‘corriqueiras’. A DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil de MS) ainda garantiu que está ajudando no andamento da Omertà.

Além de Name e o filho, Jamil Name Filho, a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) implicou policiais civis, guardas municipais de Campo Grande, militar do Exército e até um policial federal lotado na Superintendência de Mato Grosso do Sul.

Todos são suspeitos de integrarem uma organização criminosa voltada à prática dos crimes de milícia armada, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito, homicídio, corrupção ativa e passiva, entre outros crimes.

Nos bastidores da segurança pública de Mato Grosso do Sul, já é dado como certo que a operação do terá nova fase. Desta vez, mirando ligações entre servidores públicos de instituições sul-mato-grossenses e a suposta milícia armada suspeita de crimes de pistolagem em MS.