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Após 18 dias de espera, apenas dois amigos enterram idosa assassinada

Dirce foi agredida até a morte por Pâmela Ortiz de Carvalho, de 36 anos, no dia 23 de fevereiro, mas seu corpo só foi encontrado dois dias depois



Wellington Flores e Adriana Alves da Silva foram os únicos que acompanharam o sepultamento (Foto: Kisie Ainoã)



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Depois da morte brutal, apenas dois amigos de Dirce Santoro Guimarães Lima, de 79 anos, acompanharam o sepultamento da idosa, feito sem velório. O enterro ocorreu na tarde desta terça-feira (12), no Cemitério Memorial Park, em Campo Grande. Foram 18 dias de espera para o último adeus.

Dirce foi espancada até a morte por Pâmela Ortiz de Carvalho, de 36 anos, no dia 23 de fevereiro. O corpo só foi encontrado dois dias depois e passou outros 17 no Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal), esperando por uma procuração da família, que mora em Itamonte (MG).

Sem ter como fazer o sepultamento na cidade mineira, a sobrinha de Dirce, Leila Maria Santoro, 55 anos, autorizou o enterro em Campo Grande. Após 18 dias de espera e burocracia, o corpo foi liberado e a idosa enterrada. Por conta o tempo, o velório foi dispensado.

O sepultamento simples, acompanhado por apenas dois amigos, foi carregado de carinho, saudade e indignação pelo assassinato cruel. “Ela vai deixar saudades. Temos lembranças boas dela. Cuidava da gente como se fosse avó nossa. O enterro não diminui a dor, o sofrimento não acaba, porque perdemos um ente querido', contou Wellington Flores, de 38 anos, foi agente de saúde da idosa.

Por 10 anos, a doméstica Adriana Alves da Silva, de 42 anos, conviveu com Dirce. Emocionada, lembrou que as duas passavam todo o dia juntas e que jamais imaginava que Pâmela seria a autora do crime. “Foi um instinto animal. Até agora está difícil entender. Eu não paro de pensar um minuto no que aconteceu. Não sei como o ser humano é capaz de fazer isso'.

“Ela [Pâmela] aparentava ser uma pessoa boa. Eu achava tão bonita a forma como ela tratava a Dirce, parecia que era verdadeiro. Cheguei a acreditar que existiam pessoas boas e a própria Dirce dizia: Foi deus quem trouxe ela para mim', lamentou Adriana.

Nesta terça-feira, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, aceitou a denuncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra Pâmela, que será processada por homicídio doloso duplamente qualificado pelo motivo fútil e pelo meio cruel, além de responder pela ocultação de cadáver. O magistrado também negou o pedido de transferência  da interna do Estabelecimento Penal Feminino 'Irmã Irma Zorzi'.

O caso - Pâmela só admitiu ter assassinado a idosa ao ser informada pela polícia que câmeras de segurança haviam flagrado o momento em que ela saiu com Dirce no sábado (23), dia do desparecimento no Bairro Santo Antônio.

Antes de saber das imagens, ela havia negado até mesmo ter encontrado a vítima. Ainda conforme a investigação, as duas saíram juntas para tentar resolver os débitos que a mulher teria feito nos cartões de crédito da vítima. Elas se desentenderam, Pâmela agrediu Dirce até a morte e abandonou o corpo.

Em depoimento à polícia, Pâmela alegou que durante uma discussão, a idosa ameaçou denunciá-la pelas compras feitas usando indevidamente o seu nome. Ela disse ainda que a aposentada tentou sair do carro em movimento e caiu, batendo a cabeça no meio-fio. Desesperada e temendo ser descoberta, a mulher conta que pegou a cabeça da vítima e esmagou contra a guia. Além de prestar serviço como motorista de idosos, Pâmela se apresentava como policial.