Policial

Máfia de propina dentro do presídio é citada em interceptação da Omertà

"É uma verdadeira máfia" disse mulher de detento



Esquema da propina foi interceptado por conversas no telefone - Foto: Foto: Valdenir Rezende / Arquivo / Correio do



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Interceptações telefônicas coletadas pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), durante as investigações da Operação Omertà, citam uma “máfia” de propina dentro do Instituto Penal de Campo Grande (IPCG). A conversa aconteceu no dia 22 de julho entre Luiz Fernando da Fonseca - o “Ligeirinho” ou “Magnata” -, que é treinador de cavalos de corrida e funcionário de Jamil Name e Andréia Cristina de Souza Peres, que é companheira de Carlos Aparecido Laurentino Lopes - o “Itaquera”, que preso no IPCG.

Conforme relatório do Gaeco, Andréia diz que “tudo hoje em dia tem manobra” e que alguém pediu R$ 300 para que o Itaquera saísse de onde estava e fosse transferido para uma área de “convívio normal” dentro do IPCG.

Aos seis minutos de ligação, a mulher complementa que “o que passa por lá tudo é propina, pagam uma porcentagem para o diretor e lá dentro eles vendem tudo [...] é uma verdadeira máfia”. Além disso, ele exemplifica que já mandou um telefone celular para dentro do estabelecimento penal para uso de Itaquera, que tem condenações por tráfico de drogas. 

OPERAÇÃO 

A Operação Omertá, que combate milícia armada especializada em crimes de pistolagem, está em andamento desde o fim de setembro. Os assassinatos de pelo menos três pessoas estão relacionados ao grupo de extermínio em investigação: o caso do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em 11 de junho do ano passado; o do ex-segurança Orlando da Silva Fernandes, em 26 de outubro de 2018; e do estudante de Direito Matheus Xavier, em abril deste ano.

Omertá, conforme o Gaeco, é um termo que se fundamenta em um forte sentido de família e no silêncio que impede a cooperação com autoridades policiais ou judiciárias. Trata-se de um código de honra muito usado nas máfias do sul da Itália.

Jamil Name, o filho Jamil Name Filho e outros envolvidos com a milícia foram presos na operação, deflagrada em 27 de setembro. Após serem transferidos emergencialmente, no último sábado, para a penitenciária federal de Campo Grande, Name, Name Filho e os policiais Márcio Cavalcante e Vladenilson Daniel Olmedo aguardam tranferência para serem encaminhados para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O pedido foi feito pela Polícia Civil e pelo Gaeco.

Outro envolvido no esquema de milícia, Marcelo Rios, o Guarda Municipal preso em maio, com arsenal de armas usados nos homicídios da milícia também está no presídio federal de Campo Grande. Rios também tem transferência autorizada para o presídio de Mossoró, mas continua em Campo Grande porque tem audiência marcada para dezembro.

Já Márcio e Vladenilson, o Vlad, teriam coagido a mulher de Rios, Eliane Benitez, para que ela não fornesse informações sobre o grupo de extermínio à polícia. Também fazem parte da denúncia do Gaeco, Flávio Narciso, Rafael Antunes Vieira, Robert Kopetski e Rafael Carmo Peixoto.