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Até comércio aprova fim dos canudos, mas vê outros riscos ao ambiente

Proibição à distribuição dos canudinhos tem apoio nas ruas, mas entrevistados pedem combate a outros objetos poluidores



Assembleia aprovou veto à distribuição de canudos descartáveis; texto vai a análise do governador. (Foto: Ronie Cruz)



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Aprovada pela Assembleia Legislativa, a distribuição de canudos plásticos em estabelecimentos comerciais de Mato Grosso do Sul foi bem recebida pelo público em geral, que disse entender o apelo ambiental da iniciativa, mesmo por quem se valia do objeto. Contudo, também deixou no ar dúvidas quanto a liberação de outros produtos que também são poluidores –como copos descartáveis.

A proposta foi aprovada nesta quinta-feira (27), após um ano de tramitação, no qual foram incluídos pontos como o prazo de um ano para adequação dos estabelecimentos –a venda e fabricação dos canudos plásticos não foi contida pelo texto, que teve 14 votos favoráveis e 3 contrários e, agora, segue para sanção ou veto do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Quem distribuir os itens poderá pagar multa entre R$ 5,2 mil e R$ 10,5 mil.

Na prática, estabelecimentos comerciais visitados pela reportagem já evitam distribuir os canudos. “Aqui, só entrego quanto o cliente pede. Tenho 30 unidades só, e só pede canudo quem vai levar para casa', disse a empresária Roselaine Dias, proprietária de um restaurante na Avenida América, na Vila Planalto, no qual há cerca de um ano e meio percebeu menos pedidos de canudos vindos dos clientes. Segundo ela, o objeto não é usado nem na própria casa.

“Lá, as crianças não usam por causa das tartarugas', afirmou Roselaine, apontando o impacto ambiental dos canudos –que acabam engolidos pelos animais. Ela considera a iniciativa da Assembleia válida, contudo, considera que há outros produtos que precisam ser regulados “porque poluem tanto ou mais que eles'.

A avaliação é a mesma de Juam Carlos Corrêa, 42, gerente de uma conveniência na Planalto na qual, declarou, o uso dos canudos é mínimo. “Uso muito mais copo descartável que canudinho. Para mim, tem de cancelar tudo, já que o copo suja mais que o canudo. Mas, sendo lei, vamos seguir o que diz a legislação e aderir ao canudinho biodegradável, mesmo sendo mais caro'.

O produto citado por Corrêa é uma das alternativas oferecidas ao canudo plástico –que vem sendo banido gradativamente pelo poder público em todo o país e tem custo relativamente baixo (pode ser encontrado em atacadistas a menos de R$ 0,03 a unidade). Em rápida consulta pela internet, os canudos biodegradáveis foram encontrados em oferta a até R$ 15 o pacote com 500 (os mesmos R$ 0,03 por item).

Outras opções ecologicamente corretas são os de papel reciclável, encontrado também na internet a R$ 80 no pacote com 250 unidades, inox (R$ 10 a unidade) ou de trigo, este vendido a R$ 89 o pacote com 500 –que vem com alerta de ser vetado a portadores de doença celíaca por possuir glúten.

Consumidores – As amigas Damaris de Jesus Muniz, 51, aposentada, e Marina Clara do Amaral Centurion, 51, bebiam no início da tarde quando foram abordadas pela reportagem. Marina tinha um canudo plástico nas mãos e, logo, foi “denunciada' pela amiga.

“Estávamos falando disso agora mesmo', disse Damaris. “A gente sabe que não é ecologicamente correto, mas não usa para tomar cerveja. Esse vamos jogar no lixo para reciclagem', emendou Marina. Ambas aprovaram a iniciativa da Assembleia.

O mesmo valia para a estudante Yasmin Magalhães, 22, que usava um canudo para tomar refrigerante. “Nem lembrei do meio ambiente na hora. E a maioria das pessoas não lembra e usa porque não são informadas do impacto', afirmou ela, considerando válido o projeto de lei, desde que venha acompanhado da conscientização da população.

Também lembrando das “tartarugas que engolem os canudinhos', a motorista Neura Donizete Fagundes, 54, também pede mais informações em bares e restaurantes sobre os prejuízos que o objeto causa ao meio ambiente. Porém, é outra a destacar que existem mais itens consumidos em excesso que são poluidores –lembrando, também, dos copos descartáveis. “Não adianta acabar com o canudinho se não combater o copinho. Você vai nas beiras de rios e vê que têm muito lixo: garrafas, copos descartáveis, plástico. Mas é uma boa ideia'.