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Consumo de energéticos pode causar arritmia (e a culpa não é da cafeína)

Sabendo disso, o próximo passo da equipe é investigar quais desses ingredientes pode causar esse efeito preocupante no ritmo cardíaco



Saúde - Energético (iStock/Getty Images)



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Há algum tempo autoridades de saúde do mundo inteiro, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), têm alertado para os perigos do consumo excessivo de energéticos. Agora, novo estudo alerta que essas bebidas podem causar distúrbios cardíacos fatais, especialmente em pessoas com condições preexistentes, como hipertensão e síndrome do QT longo – doença caracterizada por distúrbios no ritmo cardíaco.

O estudo, publicado no periódico Journal of American Heart Association, revelou que a bebida interfere no ritmo do coração; e, inesperadamente, esse efeito não está relacionado à quantidade de cafeína presente na fórmula. Segundo a equipe, esse resultado pode estar sendo causado pela combinação de ingredientes ou por um ingrediente específico, mais ainda ainda não foi possível identificar.

Apesar da revelação, a Associação Americana de Bebidas reafirmou a segurança dos energéticos, destacando que eles passaram por pesquisas – realizados pela própria indústria produtora – para assegurar isso. A entidade ainda informou que a maioria dos ingredientes utilizados na composição são encontrados em alimentos do dia a dia. No entanto, especialistas temem que a concentração dos ingredientes seja o real perigo.

“A preocupação é que essas vitaminas, aminoácidos e ervas estejam frequentemente em concentrações mais altas do que quando encontrados naturalmente em alimentos ou plantas. Também nos preocupamos com os efeitos aumentados da combinação entre esses ingredientes quando combinados, especialmente com cafeína”, comentou Katherine Zeratsky, da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, à CNN. 

Estudos anteriores já haviam alertado para riscos de saúde para gestantes, menores de 18 anos, indivíduos com sensibilidade à cafeína ou que não a consomem com frequência.

Ritmo cardíaco alterado

Os pesquisadores fizeram essas descobertas depois de investigar 34 participantes com idades entre 18 e 40 anos que consumiram bebidas energéticas com intervalos de 60 minutos. A equipe ainda manteve um grupo de controle que ingeriu placebo como primeira ou segunda bebida. A atividade elétrica do coração foi monitorada através de eletrocardiograma e também foi auferida a pressão sanguínea dos participantes – todos as medições foram realizadas no início e a cada 30 minutos as quatro horas seguintes ao consumo de energéticos. As observações foram feitas em três dias alternados.

Os resultados mostraram que o sinais elétricos que controlam o funcionamento do coração foi alterado cerca de quatro horas depois de consumir um energético. Verificou-se que o tempo necessário para as câmaras inferiores do coração se prepararem para bater novamente foi entre seis e 7,7 milissegundos maior após a ingestão da bebida. Ou seja, houve uma alteração no intervalo de QT. Quando isso acontece, o indivíduo pode apresentar arritmia cardíaca, problema que pode levar à morte. A equipe também notou aumentos significativos na pressão arterial.

Os cientistas descobriram que a cafeína – conhecida por interferir na velocidade cardíaca – não foi a responsável pelas alterações. Isso porque ela só produz esse efeito quando em dose maiores de 400 miligramas por 29,5 mililitros (mg/ml). Por esse motivo, os pesquisadores acreditam que a causa esteja relacionada à combinação de ingredientes ou a um ingrediente específico presente na fórmula da bebida.

“O público deve estar ciente do impacto das bebidas energéticas no corpo, especialmente se tiverem outras condições de saúde subjacentes. Os profissionais de saúde devem aconselhar certos pacientes para limitar ou monitorar seu consumo”, alertou Sachin A Shah, principal autor do estudo, ao The Telegraph. 

O que há no energético?Segundo a CNN, a maioria das bebidas energéticas contêm grandes quantidades de cafeína, vitaminas, especialmente a B, além de estimulantes considerado legais, como guaraná (planta típica da Amazônia), taurina, um aminoácido encontrado em peixes e carne; e L-carnitina, substância comumente encontrada no corpo humano cuja função é transformar gordura em energia.

Sabendo disso, o próximo passo da equipe é investigar quais desses ingredientes pode causar esse efeito preocupante no ritmo cardíaco.  “As bebidas energéticas são prontamente acessíveis e comumente consumidas por um grande número de adolescentes e jovens adultos, incluindo estudantes universitários. [Por isso,] compreender como elas afetam o coração é extremamente importante”, disse Kate O’Dell, co-autora da pesquisa, ao The Telegraph.

Enquanto essa descoberta não é feita, os especialistas ressaltam a importância de não consumir energéticos em excesso para evitar riscos de saúde, especialmente para o público mais vulnerável, como pessoas com histórico de doenças cardíacas, menores de 18 anos, gestantes e indivíduos com sensibilidade à cafeína ou que não a consomem com frequência.