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Após 12 reprovações, Samara conquista o sonho de ser procuradora da República em MS

Foram quatro anos de muito estudo até conquistar o cargo público. Poucos sabem a história por traz dessa vitória, mas hoje a gente conta



Samara Yasser Yassine Dalloul estudou muito até ser procuradora da República - Foto: Arquivo Pessoal



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Qual o preço dos seus sonhos? Para Samara Yasser Yassine Dalloul, eles custaram uma agenda cheia de compromissos, uma rotina regrada em horários, limite de tempo para encontrar namorado e amigos, vários perrengues e cerca de 12 reprovações em concursos públicos. Depois de quatro anos de muita persistência, ela finalmente conquistou o título de procuradora da República do Ministério Público Federal (MPF) em Corumbá, cidade localizada no Pantanal do Estado. Aos 31 anos, Samara afirma: tudo que viveu foi um investimento para alcançar o que sempre almejou.

Tudo começou quando ela ainda estava na faculdade e sequer imaginava que se tornaria uma verdadeira "concurseira de carteirinha". A primeira aprovação veio para fazer estágio na época em que ainda tinha vontade de se tornar juíza. Mas foi quando ela passou para outro concurso de estágio, dessa vez no MPU (Ministério Público da União), que ela se identificou muito mais com a instituição.

A carreira de estudante começou mesmo em 2014 e, desde então, ela nunca mais parou de prestar provas. Depois de quatro longos e árduos anos, ela finalmente conquistou a vaga de procuradora da República em 2018. O que poucos conhecem, na verdade, é a trajetória que ela precisou percorrer até alcançar a almejada posição.

Vida regrada

Natural de Campo Grande, Samara também se formou em direito na Capital. Ao jornal Midiamax, ela contou que viveu por muitos anos seguindo uma agenda cheia de horários e compromissos com os seus estudos: raramente saía nos dias de semana (exceto em aniversários e datas especiais), tinha horário para estudar, descansar e revisar conteúdo. Na época, ela até reservava um espaço na agenda para encontrar o namorado, atualmente o seu noivo.

Apesar disso, ela garante que não viveu anos restritivos, mas sim que determinou prioridades para sua vida. A organização de horário também foi fundamental para que ela conseguisse conciliar todas as áreas da sua vida pessoal, profissional e de estudos.

“A vida não para só porque você está estudando, então eu tentava conciliar os compromissos da vida pessoal, mas sempre priorizando os estudos. Então, eu tinha horário para tudo e eu sempre fui boa em seguir rotina, isso me ajudou bastante”, recorda Samara. Apesar dos esforços, nem tudo são flores. Ao longo dos anos, Samara também criou uma coleção frustrações.

Samara estudava todos os dias (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Reprovações

Nem só de conquistas vive um concurseiro. Muito pelo contrário, na verdade. Até conseguir passar na prova para ocupar a cadeira de procuradora da República, Samara reprovou em ao menos 12 concursos. Em um desses, inclusive, ela ficou tão frustrada que passou um mês sem olhar para os livros.

Ou seja, tristeza, desânimo, frustrações e até insegurança são normais nessa fase, mas esses sentimentos precisam ser menores do que a motivação para conquistar a sonhada vaga. Era com esse pensamento que Samara encarava as reprovações, passava pela fase de “luto” e voltava a estudar em seguida.

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“Eu nunca deixei essas reprovações me abalarem por completo porque o meu sonho era maior do que qualquer coisa. E eu sempre me lembrava de que quanto mais frustrado você está, mais significa que está chegando perto do seu objetivo”.

Foi nessas idas e vindas, estudos e reprovações que Samara, então, decidiu criar um perfil no Instagram para se conectar com outros concurseiros. Além de dar dicas para iniciantes e compartilhar sua rotina, ela também queria conversar com pessoas que sentiam o mesmo.

“A vida de quem estuda para concurso, às vezes, é muito solitária. Então, eu criei esse perfil para me conectar com pessoas que também prestavam concurso”, revela a procuradora. Desde desabafos a relato de experiências, Samara descobriu um novo universo composto por “concurseiros” no mundo digital. Foi nesse cenário que ela se sentiu confortável para contar a verdadeira realidade de quem presta concurso.

Eu ODIAVA acordar 4h, tinha dia que chorava na cama e fingia que não tava acontecendo. Tinha dia que eu queria QUALQUER COISA MENOS estar naquela cadeira com a minha bunda doendo. Tinha dia que eu queria achar a galera da mesa arrumadinha e arremessar todos os meus livros. Tinha planos de fazer fogueira santa com todo meu material e tacar o computador da janela. Nesses dias difíceis eu fazia 2 coisas: escolhia uma matéria que eu gostasse, me levantava, fechava os olhos e pensava "tudo vai passar quando eu passar". A certeza de que eu iria conseguir, absoluta e cristalina, tornando cada dia um dia a menos. E assim aconteceu”, compartilhou.

Mas até acontecer, Samara precisou passar por muitas situações ainda. Uma delas, os vários perrengues durante as provas.

Perrengues de uma ex-concurseira

Questionada sobre os perrengues, Samara apenas riu tentando escolher qual deles iria revelar à equipe de reportagem, mas afirmou que foram muitos! Esses são alguns:

Frio demais pra fazer prova: certa vez, ela prestou prova na região sul do Rio Grande do Sul durante o inverno. Ela tinha estudado, estava confiante e pronta para fazer a prova, mas o maior obstáculo do dia foi enfrentar o frio para concluir a prova. Acostumada com o sol de Mato Grosso do Sul, a mão tremia, parava de funcionar e ela tinha que fazer um esforço descomunal para controlar a caneta.

Ar-condicionado que pegou fogo: do gelo ao fogo, Samara também passou por um baita perrengue quando fez prova no Rio de Janeiro e o ar-condicionado da sala simplesmente começou a pegar fogo. No “salve-se quem puder”, ela precisou enfrentar uma multidão de participantes pra sair correndo da sala. Nesse caminho, precisou arrastou um amigo pelo colarinho para tirar ele de lá também. Como esquecer um momento desse? Para ela, é impossível.

Torcer o pé a caminho da prova: em outra oportunidade, Samara também acabou torcendo o pé a caminho do lugar onde prestaria a prova, mas ela não desistiu. Chegou machucada ao local, foi mancando para a sala, fez a prova com o pé doendo e só depois fui cuidar do pé.

E depois de ter conquistado tantas memórias inesquecíveis ao redor do Brasil, a aprovação no MPF aconteceu em Mato Grosso do Sul. “Rodei o mundo prestando concurso para no fim voltar pra casa”.

Nada maior do que os sonhos

A jornada de Samara Yasser Yassine Dalloul é, de fato, inspiradora. Dentre perrengues, dificuldades, conquistas e derrotas, era a sua força de vontade que falava mais alto para continuar persistindo nos sonhos.

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Samara no MPF (Foto: Arquivo Pessoal)

Estagiária, servidora e membra. Três palavras que definem sua jornada de ‘concurseira’, mas também revelam uma história de evolução. Ao recordar sobre a suas maiores companheiras, a procuradora afirma que eram as suas metas.

“Tenha muito claro qual objetivo você quer atingir porque na hora que você desanimar, é isso que vai te motivar a continuar estudando e prestando prova. E lembre-se: quanto mais frustrado você estiver, mais significa que você está chegando ao objetivo que deseja atingir”.