Policial

Com um celular e 'sem nada para fazer', preso fez mais de 80 vítimas com golpes na internet

Autor de 33 anos esteve ligado até a atentado contra a polícia



Cicatrizes na barriga ajudaram Polícia Civil na identificação do autor - Divulgação/PCMS



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Ação conjunta realizada entre a Devir (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Virtuais) e o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), ambos da Polícia Civil, identificou um preso do Instituto Penal de Campo Grande como autor de ao menos 41 golpes pela internet. Cerca de 80 pessoas foram vítimas do investigado, que também teve envolvimento com homicídios e até com um atentado com bomba contra a Polícia Militar.

Por meio de um celular obtido de forma ilegal, ele pesquisava permanentemente anúncios em plataforma de vendas online. Ele entrava em contato com o vendedor e, após fechar a compra, informava que até o final do dia compareceria pessoalmente para retirar o produto. Além disso, solicitava que o anunciante retirasse a publicidade dos sites. Contudo, como parte do plano, ao longo do dia ele entrava em contato dizendo que teve um imprevisto e que um freteiro passaria no local para receber a mercadoria.

Surgia então a segunda vítima: o golpista procurava anúncios de profissionais de transporte, negociava o valor do frete e informava o endereço do vendedor, dizendo que pagaria pelo frete no recebimento do produto. No horário marcado para a retirada, o autor ligava para o freteiro e solicitava, como medida de segurança, uma fotografia do produto dentro do carro e exigia que o mesmo o avisasse assim que chegasse em frente à casa da vítima. 

Ao tomar conhecimento de que o freteiro já se encontrava no local combinado, o golpista enviava o comprovante de depósito falso e rapidamente telefonava para a vítima que entregaria o produto. Para desviar a atenção, ele fazia o possível para continuar com ela na linha, impedindo-a de conferir atentamente o comprovante bancário que foi enviado. A vítima se via constrangida a entregar o produto em razão da presença do freteiro e do horário estipulado.

Diante de tal contexto, muitas pessoas entregavam. Já com o objeto carregado em seu veículo, o freteiro recebia uma nova ligação do golpista, que então alterava o endereço de entrega para um local onde se encontravam comparsas, os quais, obviamente, detinham o produto e não pagavam pelo frete. As fotografias solicitadas pelo golpista eram utilizadas posteriormente para ameaçar as vítimas e constrangê-las ao pagamento de valores.

O investigado também pesquisava nas redes sociais e enviava para a vítima fotos de seus familiares juntamente com imagens de armas de fogo, prometendo matá-los caso não fosse pago o valor solicitado. Em alguns casos, o criminoso chegava a revelar que estava preso e realizava chamadas de vídeo para confirmar que se encontrava no interior de uma cela, revelava seu nome solicitando que a vítima pesquisasse no Google pelos crimes já praticados por ele. 

Noutras vezes, o investigado dizia já ter sido baleado e exibia as cicatrizes em sua barriga para intimidar a vítima. As cicatrizes foram identificadas por uma vítima que, ameaçada pelo investigado, foi constrangida a receber em sua residência produtos de outros crimes de estelionato praticados por ele.

Mais Crimes

Dentre as várias investigações criminais relacionadas ao preso, destacam-se a participação em um ataque com explosivo contra a base da Polícia Militar localizada nas Moreninhas, no ano de 2012, além de vários envolvimentos em crimes relacionados ao tráfico de drogas, ameaças, estelionatos e autoria de um homicídio no ano de 2007.

Ao ser questionado pela Polícia Civil nesta quinta-feira,  foi ouvido e negou ter praticado qualquer crime de estelionato, embora tenha confirmado o acesso a telefones celulares durante o período em que esteve preso no Instituto Penal de Campo Grande. Em suma, alegou que intermediou a compra e venda de uma máquina de assar frangos e de uma cama elástica, mas negou ter praticado estelionatos nesses dois casos. 

Dois telefones celulares já foram apreendidos em poder do interno, mas o mesmo negou serem seus os aparelhos apreendidos.  “Com a divulgação do fato, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul solicita às vítimas que se identifiquem com o relato acima, que compareçam na Delegacia Virtual para serem ouvidas, como forma de permitir que o investigado receba a adequada pena pelos atos praticados”, diz a Polícia Civil em nota.