Política e Transparência

Senadores de MS defendem CPI da Pandemia e descartam uso eleitoral

Parlamentares dizem que a sociedade espera respostas e que gestores não têm o que temer



Montagem: Waldemir Barreto | Jefferson Rudy | Leopoldo Silva / Agência Senado



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Os três senadores de Mato Grosso do Sul avaliam como positiva a abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia e não acreditam que os membros valerão da exposição pública mirando as eleições de 2022. O grupo foi formado oficialmente nesta terça-feira (27).

Para Soraya Thronicke (PSL-MS), as expectativas são de que a apuração dos fatos seja isenta. “Espero de verdade que a CPI seja conduzida de maneira isenta e independente e que não se torne palanque político, mas sabemos que isso sempre é passível de acontecer”, avaliou.

Questionada se prefeitos, governadores ou até mesmo o presidente da República, Jair Bolsonaro, precisam se preocupar com as investigações, Soraya apenas disse que não deve haver espaço para “ações politiqueiras”.

“Não sou eu quem deve dizer se alguém tem algo a temer, pois estaria fazendo suposições irresponsáveis e indo contra justamente ao que acredito e defendo: que uma CPI deva ser instalada para apurar fatos e não para ações politiqueiras”, afirmou.

Sobre a indicação de Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria da comissão, que chegou a ser questionada na Justiça, a parlamentar disse que a escolha cabe apenas à presidência do grupo. “Acredito que a escolha é unicamente do presidente da Comissão - este devidamente eleito - como determina o Regimento do Senado Federal”, finalizou.

“Luz aos fatos”

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que o estágio atual da pandemia deve impedir que membros aproveitem o espaço para as próximas eleições. “Não creio que vão querer usá-la como palanque político visando 2022. Afinal, estamos falando de quase 400 mil vidas perdidas”, avaliou.

A emedebista destacou que a CPI não será um tribunal, já que caberá aos órgãos competentes apurar eventuais condutas suspeitas descobertas ao longo da apuração. 

“O Senado vai analisar documentos, investigar fatos e encaminhar os achados para o Ministério Público. Só terão o que temer aqueles que realmente tiverem cometido erros, desvios durante a pandemia de coronavírus e atentaram contra a saúde de brasileiros. Estes devem ser punidos com os rigores da lei”, disse.

Sobre Renan, a senadora disse que a argumentação para afastá-lo da relatoria não foi forte e os demais membros precisam aprovar seu relatório, mesmo que inclua o filho dele, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB).

“Não há denúncias concretas sobre erros de gestão da pandemia em Alagoas, estado cujo governador é filho dele. Além disso, o relatório da CPI terá de ser aprovado por maioria e qualquer integrante do colegiado pode apresentar voto em separado”, apontou.

Simone ainda disse acreditar que tanto o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), como os 79 prefeitos do Estado não têm o que temer caso a investigação realmente chegue aos repasses federais.

“Em relação a Mato Grosso do Sul, não temos elementos para duvidar da boa-fé de nossos gestores, nem este é o foco da CPI. A Comissão vai se concentrar nos fatos ocorridos em Manaus e investigar possíveis desvios de verbas federais em estados e municípios. Repito, só precisa ter medo da CPI aquele que realmente cometeu atos de corrupção, omissão ou negligência. No mais, o que queremos é jogar luz aos fatos, esclarecer pendências e seguir propondo as melhores saídas para esta crise sanitária que leva vidas, empregos e esperança”, finalizou.

“Resposta à sociedade”

Já o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) pontuou que a abordagem da comissão deve ser equilibrada. “Deve ser uma apuração sensata, em que prevaleça o equilíbrio, sem prejulgar ninguém e dar oportunidade de defesa”, afirmou.

O parlamentar resumiu que apenas gestores que possam ter feito má gestão de recursos precisam se preocupar com a CPI. “Entendo que só quem deve tem o que temer, que tenha usado indevidamente o recurso federal. Agora quem deve, haverá de temer”, frisou.

Nelsinho disse ainda que senadores que se aproveitaram da CPI visando as eleições vão se arrepender. “Penso que, diante de um assunto delicado, com milhares de mortes, quem for por esse viés, vai se arrepender amargamente. O que a sociedade quer é resposta para corrigir os equívocos que aconteceram”, finalizou.

“Descaso de Bolsonaro”

Mesmo com a Câmara dos Deputados não participando, o deputado federal Vander Loubet (PT-MS) disse também ser favorável a investigação, principalmente contra o presidente. 

“O foco deve ser o governo federal, até porque nos estados e municípios o Ministério Público e a Polícia Federal já têm feito investigações e operações contra suspeitas de desvio de recursos destinados para o combate da Covid-19. E esse trabalho é de interesse do Congresso Nacional, até porque a maior parte das ações de combate à pandemia nasceu da iniciativa de deputados federais e senadores - se dependêssemos da Presidência, nada teria sido feito”, pontuou.

Vander citou as falas e indicações sem base científica de Bolsonaro na pandemia também como motivos para a CPI. 

“O que precisa ser apurado e punido é o descaso do governo Bolsonaro com a pandemia. Elementos não faltam: incentivo ao uso de remédios sem eficácia (inclusive gasto de milhões de dinheiro público na fabricação e compra desses medicamentos), desincentivo ao uso de máscara e ao distanciamento social, boicote às vacinas (inclusive com a recusa em comprar de forma antecipada dezenas de milhões de doses no ano passado), disseminação de informações falsas sobre a doença, inação na coordenação nacional do enfrentamento à pandemia”, exemplificou.

O petista afirmou que não acredita em objetivos eleitoreiros, mas teme que o governo interfira na investigação. “Sobre as acusações de que a CPI serviria de palanque político, acredito que isso seja fruto do governo e da sua base de apoio. Sem dúvida, o governo fará de tudo para inviabilizar, prejudicar e desacreditar a CPI, isso já era esperado”, finalizou.

Jornal Midiamax procurou os outros sete deputados federais, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.