Você já ouviu falar no Papa-Tudo? No início dos anos 1990, a Globo decidiu concorrer diretamente com o sucesso da Tele Sena, de Silvio Santos, e lançou o seu próprio título de capitalização chamado Papa-Tudo, que tinha César Filho e Fausto Silva como apresentadores e Xuxa Meneghel como a garota-propaganda.
A emissora selou um acordo com o banqueiro Artur Falk, que ajudou a definir o tipo da venda, que era muito parecido com a Tele Sena. Se o comprador não fosse contemplado, ele poderia resgatar metade do valor pago após um ano, ou comprar um novo título pela metade do preço. Nada de muitas novidades.
O problema é que muitas promessas foram feitas ao público, que se apoiava à imagem de Xuxa, César Filho e Faustão para comprarem os títulos. O Observatório da Imprensa dá conta de que existia uma espécie de pirâmide com o Papa-Tudo, que garantia prêmios milionários, sorteios e até mesmo doações a instituições de caridade.
Além disso tudo, ainda era dito que não existia e menor possibilidade de uma aliança entre Roberto Marinho e Artur Falk dar certo. Dito e feito. As lotéricas pararam de vender os bilhetes, já que os prêmios nunca eram enviados. A empresa de Artur Falk alegou que pagaria todos os ganhadores, o que não ocorreu e acarretou na condenação do banqueiro por estelionato.
O rombo, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo de 1998, foi de R$ 218 milhões em valores da época, além de mais de R$ 70 milhões de títulos a vencer. Segundo o G1, em 2018, o crime prescreveu e Artur Falk conseguiu se livrar da cadeia. A dívida, em valor da época em que a absolvição aconteceu, já estava em meio bilhão de reais.
À Globo, nada aconteceu, apenas mais um escândalo para a conta. Xuxa continuou a sua carreira como garota-propaganda de inúmeras outras empresas. César Filho e Faustão seguiram em suas carreiras como comunicadores.
