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Especialistas tentam desencalhar meganavio no Canal de Suez

“As autoridades marítimas indicaram que 13 navios do comboio norte (procedentes do Mar Mediterrâneo) (…), que deveriam passar, estão atracados em áreas de trânsito até que a operação de retirada seja concluída”, afirmou o porta-voz da Auto



Cargueiro impede passagem de outros navios Foto: Reuters



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A navegação no Canal de Suez foi suspensa temporariamente nesta quinta-feira, 25, até que as autoridades consigam retirar o gigantesco navio porta-contêiners Ever Given, que encalhou na quarta-feira, 24. A embarcação – que mede, em comprimento, o mesmo que o Empire State Building tem de altura – bloqueia a passagem de qualquer navio em uma das rotas comerciais mais importantes do mundo, que liga Europa e Ásia.

 

“As autoridades marítimas indicaram que 13 navios do comboio norte (procedentes do Mar Mediterrâneo) (…), que deveriam passar, estão atracados em áreas de trânsito até que a operação de retirada seja concluída”, afirmou o porta-voz da Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês), George Safwat.

Ao mesmo tempo, a empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, proprietária do gigantesco porta-contêiner “Ever Given”, admitiu que enfrenta uma “dificuldade extrema” para desencalhar o navio

Equipes de resgate da Holanda e do Japão foram contratadas para traçar um plano para fazer o navio voltar a flutuar e sair do local. A Evergreen Marine Corp, de Taiwan – que opera a embarcação – disse que a empresa holandesa Smit Salvage e a japonesa Nippon Salvage foram indicadas pelo armador do navio. Elas vão trabalhar ao lado de seu capitão e SCA.

A operação, no entanto, pode demorar até semanas, segundo Peter Berdowski, diretor executivo da Royal Boskalis – controladora da empresa holandesa contratada. “É realmente uma baleia muito pesada na praia, por assim dizer”, afirmou Berdowski em um programa de TV na Holanda, na noite de quarta-feira. E completou: “não quero especular sobre isso, mas pode levar dias ou semanas.”

Ainda de acordo com o diretor executivo do grupo holandês, uma série de fatores precisarão ser avaliados para definir a estratégia de desencalhe, considerando o tamanho do navio e o peso de sua carga. “Vamos examinar a quantidade de petróleo que ele leva, a quantidade de água. São cálculos complexos”, disse.

“A Evergreen Line continuará a coordenar com o armador e a Autoridade do Canal de Suez para lidar com a situação com a maior urgência, garantindo a retomada da viagem o mais rápido possível e para mitigar os efeitos do incidente”, disse a empresa em um comunicado.

Prejuízo econômico

Local do encalhe, o canal de Suez é uma das principais rotas de comércio marítimo do mundo, ligando Europa e Ásia, sem a necessidade de contornar o continente africano – o que representa 6.000 km a menos entre Cingapura e Roterdã. Quase 19 000 embarcações usaram o Canal de Suez ano passado, segundo a SCA.

Um incidente como o desta semana tem grandes consequências, porque 10% do comércio marítimo internacional passa por esta via, segundo os especialistas. O bloqueio do canal provocou um aumento de quase 6% no preço do petróleo na quarta-feira, motivado pelos temores sobre o abastecimento. “As consequências sobre os preços dependerão da duração do bloqueio”, afirmou Bjornar Tonhaugen, da consultoria Rystad.

“Nunca vimos nada como isto antes, mas é provável que o congestionamento tome vários dias ou semanas, para ser reabsorvido, pois deve ter um efeito cascata sobre os outros comboios, horários e mercados mundiais”, afirma Ranjith Raja, diretora de pesquisas sobre o petróleo do Oriente Médio e o Mar na empresa Refinitiv, que compila dados financeiros e outras informações.

Quanto aos custos de desencalhar o navio, a Evergreen informou que, como a embarcação é fretada, todas as responsabilidades “pelas despesas incorridas na operação de recuperação, responsabilidade de terceiros e o custo do reparo (se houver) é do proprietário”, que é o grupo japonês Shoei Kisen.

O encalhe

O Ever Given, um navio de mais de 220.000 toneladas que seguia para Roterdã procedente da Ásia, encalhou na madrugada de terça-feira para quarta-feira e ficou atravessado, bloqueado na ala sul do Canal de Suez. Os especialistas citam os ventos fortes como uma das causas do incidente com o cargueiro de 60 metros de altura. A SCA também mencionou uma tempestade de areia, um fenômeno comum no Egito nesta época do ano, que reduz a visibilidade e provocou o desvio do navio.

A empresa Bernhard Schulte Shipmanagement (BSM), que tem sede em Cingapura e é responsável pela gestão técnica do Ever Given, informou que os 25 membros da tripulação estão a salvo. Não há contaminação nem danos na carga do navio, que tem capacidade para mais de 20.000 contêineres. (Com agências internacionais).