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Com 1.954 vidas perdidas em 24h, Brasil ultrapassa EUA em mortes diárias por Covid-19

Na terça-feira (9), Estados Unidos registraram 1.947 mortes. Brasil vive pior momento desde o início da pandemia.



Coveiros abrem novas covas para vítimas da Covid-19 em cemitério de São Paulo — Foto: Carla Carniel/Reuters



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O Brasil ultrapassou, na terça-feira (9), os Estados Unidos em número de mortes registradas em 24h por causa da Covid-19. De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, 1.954 brasileiros morreram por Covid-19 em apenas um dia. Entre os americanos, foram 1.947 mortes, segundo dados do “Our World in Data”, da Universidade de Oxford.

Não é a primeira vez em que o Brasil passa os EUA em número de óbitos. Isso vem acontecendo nos últimos 5 dias.

Estados Unidos e Brasil são os dois países que mais registraram mortes por Covid no mundo desde o início da pandemia. Os EUA acumularam 527.699 mortes; o Brasil perdeu 268.568 vidas para a Covid-19 até a noite de terça. Só em março, já são 13.550 mortes registradas em solo brasileiro.

 Enquanto os americanos estão em um processo de vacinação em massa, entretanto, os brasileiros passam pelo pior momento da pandemia e com apenas 4,1% da população tendo recebido ao menos uma dose de vacina. Nos Estados Unidos, foram administradas 90,2 milhões de doses segundo o Our World in Data.

O epidemiologista Airton Stein, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), avaliou que a pandemia foi pior sentida nos países com mais desigualdade, como o Brasil, mesmo que fossem ricos – caso dos EUA.

 

"É uma situação muito complexa, mas isso ficou mais exposto nos países onde tem falta de estrutura de bem-estar social – não apenas sistema de saúde, mas de apoio para aquelas populações vulneráveis e, principalmente, com um número muito grande de vulneráveis", disse.

 

"Tanto que a gente está vendo que a epidemia causou um dano muito grande em países ricos como os EUA, onde tem muita iniquidade. A epidemia deixou mais em evidência essa interação social com a saúde. As pessoas estão mais expostas a circularem por terem trabalhos em que precisam circular e, também, por não terem acesso a serviços de saúde adequados", afirmou Stein.

Mortes por milhão

O Brasil tem cerca de 1.263 mortes por Covid-19 para cada milhão de habitantes; nos Estados Unidos, esse número é de 1.594 por milhão. Quando considerada a proporção de mortes/milhão registradas nas últimas 24h, entretanto, o Brasil ultrapassa os EUA: enquanto aqui foram registradas 9,28 mortes/milhão de habitantes, nos Estados Unidos esse índice foi de 5,88.

Em entrevista ao G1, especialistas avaliaram, no ano passado, que a medida de mortes/milhão de habitantes não é a ideal para comparar cenários na pandem. Isso porque, ao fazer essa comparação, são deixadas de lado informações importantes como o estágio da pandemia, o tamanho da população, o perfil etário e o nível de testagem.

San Marino, por exemplo, aparece com o maior número de mortes/milhão no Our World in Data (2.268), mas o país só teve, ao todo, 77 mortes pela Covid-19. A população san-marinense é de 33,8 mil pessoas.

Veja, abaixo, o número de mortes/milhão por Covid-19 nos 10 países com as maiores populações do mundo:

  1. Estados Unidos: 1.594 mortes/milhão (pop. de 331 milhões)
  2. México: 1.487 mortes/milhão (pop. de 128,9 milhões)
  3. Brasil: 1.263 mortes/milhão (pop. de 210 milhões)
  4. Indonésia: 138 mortes/milhão (pop. de 273,5 milhões)
  5. Índia: 114,5 mortes/milhão (pop. de 1,38 bilhão)
  6. Paquistão: 60,3 mortes/milhão (pop. de 220,8 milhões)
  7. Nigéria: 9,64 mortes/milhão (pop. de 206,1 milhões)
  8. China: 3,36 mortes/milhão (pop. de 1,44 bilhão)
  9. Bangladesh: 51,5 mortes/milhão (pop. de 164,7 milhões)
  10. Rússia: 605 mortes/milhão (pop. de 145,9 milhões)

 

Declarações do presidente

Um dia após o Brasil bater o primeiro recorde de março em mortes diárias em um dia, o presidente Jair Bolsonaro disse que "criaram pânico" sobre a pandemia. Na véspera, o país havia perdido 1.726 vidas para a Covid-19.

Dois dias depois, o presidente declarou, sobre as restrições adotadas para combater a pandemia: "chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?"

Fevereiro amargo

 

Coveiro caminha em meio a lápides de vítimas da Covid-19 no cemitério Parque Tarumã, em Manaus, em 25 de fevereiro. — Foto: Bruno Kelly/Reuters

Coveiro caminha em meio a lápides de vítimas da Covid-19 no cemitério Parque Tarumã, em Manaus, em 25 de fevereiro. — Foto: Bruno Kelly/Reuters

O Brasil acumulou, em fevereiro, o segundo maior número de mortes em apenas um mês na pandemia: 30.484 óbitos devido à Covid-19. Julho, até agora, é o mês com mais mortes pelo coronavírus, com 32.912 vidas – uma diferença de menos de 2 mil pessoas entre cada mês. As previsões para o mês de março não são as melhores. A pneumologista Margareth Dalcomo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disse nesta terça-feira que este mês deverá ser “o março mais triste de nossas vidas”. Com o ritmo acelerado de transmissão, a previsão é de que o Brasil atinja 300 mil mortos no final do mês ou no início de abril.