Ala de UTI para pacientes internados com coronavírus no hospital Gilberto Novaes, em Manaus (AM) Imagem: Michael Dantas/AFP
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O agravamento da covid-19 em um paciente obriga equipes médicas de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) a realizarem a intubação em quase metade dos internados. Mesmo assim, desses, dois a cada três não resistem e morrem durante o tratamento. Os dados fazem parte do projeto "UTIs Brasileiras", da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) em parceria com a empresa Epimed, que traz os dados 98 mil internações desde 1º de março de 2020.
Os números apontam que, dos 46,3% que precisaram de ventilação mecânica nas UTIs em um ano, 66,3% morreram. A ventilação mecânica é um método utilizado quando o paciente infectado pelo novo coronavírus atinge um nível de comprometimento dos pulmões que causa uma debilidade respiratória severa. Mas que fique claro que o problema não é o processo de intubação e, sim, a gravidade da doença que faz a evolução resultar em morte. Uma prova disso é que, nas mesmas UTIs brasileiras, os pacientes que não precisam de ventilação mecânica (ou seja, menos graves) têm mortalidade de 9%. "É preciso evitar esse mal-entendimento. Algumas pessoas começaram a achar: 'Se eu for intubado, vou morrer'.
Aí aconteceram alguns absurdos de pessoas não irem para o hospital e morrerem em casa. Os pacientes precisam entender que, em casos graves, a única maneira dele não morrer é essa. Sem isso, a chance de morte é de 100%", afirma Ederlon Rezende, coordenador do projeto e ex-presidente da Amib. A intubação é um procedimento feito há anos em hospitais pelo mundo todo, com alto grau de eficiência e segurança, afirma Rezende. Quando feita da forma correta, o paciente não sente absolutamente nada. A despeito de não ter nenhuma droga que ataque o vírus, a chance de ele sobreviver passa por mantermos sua respiração enquanto o corpo combate a infecção.