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Britânica que se uniu ao EI tem pedido de retorno negado pela Suprema Corte da Grã-Bretanha

Shamima Begum, que fugiu aos 15 anos de casa para se juntar ao Estado Islâmico, está atualmente em um campo de refugiados na Síria.



Shamima Begum tinha 15 anos quando deixou o Reino Unido em 2015 — Foto: Laura Lean/Pool/AFP



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A Suprema Corte da Grã-Bretanha decidiu, nesta sexta-feira (26), que a britânica Shamima Begum não pode mais voltar ao país em que nasceu. Ela perdeu seu direito de cidadania por se unir, quando era adolescente, ao grupo extremista Estado Islâmico na Síria.

Os juízes votaram, por unanimidade, para manter a posição do governo de Boris Johnson, que tentava impedir seu retorno, alegando motivos de segurança.

Atualmente com 21 anos, Begum – que nasceu e morava em Londres – abandonou sua casa quando tinha 15 anos para viajar para a Síria com duas colegas de escola, em 2015.

No país, ela se casou com um combatente do EI, um jihadista holandês oito anos mais velho que ela.

Quatro anos depois de fugir, ela disse em uma entrevista ao jornal "The Times" não se arrepender de ter viajado para a Síria. Ela também contou não ter se sentido mal ao ver uma cabeça decepada em uma lata de lixo.

Por conta da repercussão negativa da fuga, o Reino Unido retirou o passaporte de Begum alegando motivos de segurança nacional – o governo britânico sustenta que ela pode optar por outra cidadania, a de Bangladesh, país de nascimento de seus pais.

 

 

'Ameaça permanente'

 

Desde então, a jovem luta para conseguir retornar ao Reino Unido e defender a devolução da nacionalidade britânica, um caso que a Justiça considera que deve ser examinado em sua presença.

"Não se pode supor (...) que, porque Begum viajou para a Síria e existem provas de seu alinhamento com a organização Estado Islâmico, agora representa uma ameaça permanente", afirmou seu advogado, David Pannick, no último dia de audiências na Suprema Corte em novembro.

A jovem está detida em um campo para membros do EI administrado pelos curdos na Síria. Seu marido está preso neste país, e seus três filhos morreram.

Ela afirma que a decisão de revogar sua cidadania foi ilegal, pois a transformou em apátrida e a expôs a um risco de morte, ou de tratamento desumano e degradante.

O ministro das Relações Exteriores de Bangladesh rejeitou qualquer possibilidade de concessão da cidadania.

O Tribunal de Apelação britânico determinou em julho que Begum deveria retornar para apresentar um recurso justo e efetivo. O Ministério do Interior recorreu e insistiu em que ela permanece "alinhada" com a organização extremista.

Um advogado do governo afirmou, na Suprema Corte, em novembro passado, que seu retorno ao país criaria um "maior risco de terrorismo".

- "Lavar as mãos" -Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a decisão da Justiça.

Para a ONG Liberty, estabelece-se um "precedente perigoso". "O direito a um julgamento justo nos protege a todos e a cada um de nós", afirmou em um comunicado.

"Não se contribui para a segurança nacional sacrificando os direitos humanos", declarou a Human Rights Watch.

O Reino Unido deve repatriar as famílias britânicas para que as crianças possam "receber a atenção de que precisam, e os adultos possam ser processados quando existirem acusações", disse a diretora da Reprieve, Maya Foa.

 

A Suprema Corte da Grã-Bretanha decidiu, nesta sexta-feira (26), que a britânica Shamima Begum não pode mais voltar ao país em que nasceu. Ela perdeu seu direito de cidadania por se unir, quando era adolescente, ao grupo extremista Estado Islâmico na Síria.

Os juízes votaram, por unanimidade, para manter a posição do governo de Boris Johnson, que tentava impedir seu retorno, alegando motivos de segurança.

Atualmente com 21 anos, Begum – que nasceu e morava em Londres – abandonou sua casa quando tinha 15 anos para viajar para a Síria com duas colegas de escola, em 2015.

No país, ela se casou com um combatente do EI, um jihadista holandês oito anos mais velho que ela.

Quatro anos depois de fugir, ela disse em uma entrevista ao jornal "The Times" não se arrepender de ter viajado para a Síria. Ela também contou não ter se sentido mal ao ver uma cabeça decepada em uma lata de lixo.

Por conta da repercussão negativa da fuga, o Reino Unido retirou o passaporte de Begum alegando motivos de segurança nacional – o governo britânico sustenta que ela pode optar por outra cidadania, a de Bangladesh, país de nascimento de seus pais.

 Desde então, a jovem luta para conseguir retornar ao Reino Unido e defender a devolução da nacionalidade britânica, um caso que a Justiça considera que deve ser examinado em sua presença.

"Não se pode supor (...) que, porque Begum viajou para a Síria e existem provas de seu alinhamento com a organização Estado Islâmico, agora representa uma ameaça permanente", afirmou seu advogado, David Pannick, no último dia de audiências na Suprema Corte em novembro.

A jovem está detida em um campo para membros do EI administrado pelos curdos na Síria. Seu marido está preso neste país, e seus três filhos morreram.

Ela afirma que a decisão de revogar sua cidadania foi ilegal, pois a transformou em apátrida e a expôs a um risco de morte, ou de tratamento desumano e degradante.

O ministro das Relações Exteriores de Bangladesh rejeitou qualquer possibilidade de concessão da cidadania.

O Tribunal de Apelação britânico determinou em julho que Begum deveria retornar para apresentar um recurso justo e efetivo. O Ministério do Interior recorreu e insistiu em que ela permanece "alinhada" com a organização extremista.

Um advogado do governo afirmou, na Suprema Corte, em novembro passado, que seu retorno ao país criaria um "maior risco de terrorismo".

- "Lavar as mãos" -Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a decisão da Justiça.

Para a ONG Liberty, estabelece-se um "precedente perigoso". "O direito a um julgamento justo nos protege a todos e a cada um de nós", afirmou em um comunicado.

"Não se contribui para a segurança nacional sacrificando os direitos humanos", declarou a Human Rights Watch.

O Reino Unido deve repatriar as famílias britânicas para que as crianças possam "receber a atenção de que precisam, e os adultos possam ser processados quando existirem acusações", disse a diretora da Reprieve, Maya Foa.

 Begum foi encontrada quando estava grávida de nove meses em um campo de refugiados sírio, em fevereiro de 2019. O bebê morreu pouco depois do parto. Os dois primeiros filhos de Begum também faleceram muito pequenos, quando ela vivia sob o domínio do EI.

Em uma carta enviada aos ministros do Interior e das Relações Exteriores, quatro deputados do Partido Conservador de Johnson afirmaram que o Reino Unido "não deve lavar as mãos" sobre o destino dos 40 britânicos retidos em campos jihadistas, informo o Daily Telegraph.

Em um artigo publicado no mesmo jornal conservador, um dos signatários, o ex-ministro do Desenvolvimento Internacional Andrew Mitchell defende que, "se estas pessoas são consideradas um perigo, há muitas razões para que retornem ao Reino Unido, onde podem ser tratadas pelo sistema de justiça penal britânico".

Begum foi encontrada quando estava grávida de nove meses em um campo de refugiados sírio, em fevereiro de 2019. O bebê morreu pouco depois do parto. Os dois primeiros filhos de Begum também faleceram muito pequenos, quando ela vivia sob o domínio do EI.

Em uma carta enviada aos ministros do Interior e das Relações Exteriores, quatro deputados do Partido Conservador de Johnson afirmaram que o Reino Unido "não deve lavar as mãos" sobre o destino dos 40 britânicos retidos em campos jihadistas, informo o Daily Telegraph.

Em um artigo publicado no mesmo jornal conservador, um dos signatários, o ex-ministro do Desenvolvimento Internacional Andrew Mitchell defende que, "se estas pessoas são consideradas um perigo, há muitas razões para que retornem ao Reino Unido, onde podem ser tratadas pelo sistema de justiça penal britânico".