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Transtorno bipolar: duas pessoas que convivem numa só!

Psicopatologia que atinge cerca de 15 milhões de brasileiros e 140 milhões de pessoas em escala mundial





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Você já teve a impressão de conversar com uma pessoa e, dez minutos depois, voltar a falar com ela e encontrá-la com o humor totalmente diferente? Não, não se trata de um “clone mal-humorado” que ninguém sabia que existia. Isso acontece mais do que você imagina. Pode ser Transtorno Bipolar. Nesta matéria te convido a entender um pouco mais sobre essa psicopatologia que atinge cerca de 15 milhões de brasileiros e 140 milhões de pessoas em escala mundial. Vamos lá?

O que é o transtorno bipolar?

Você já ouviu falar no renomado pintor holandês Vincent Van Gogh? O artista é tido como um dos maiores pintores de todos os tempos. Van Gogh pintou mais de dois mil quadros, alguns deles avaliados pela bagatela de 7 milhões de Euros, quase 45 milhões de Reais! O que, afinal de contas Van Gogh tem a ver com o Transtorno Bipolar? Eu explico. O famoso pintor foi diagnosticado postumamente com esse transtorno. Num acesso de raiva mutilou sua própria orelha. Relatos das pessoas que conviveram com Van Gogh descreveram seu “temperamento difícil”. O renomado pintor atentou contra sua vida, desferindo um tiro no próprio peito, falecendo dois dias depois, em 29 de julho de 1890.

A Organização Mundial da Saúde, diante do número de casos desse transtorno, resolveu chamar a atenção mundial para a importância da informação acerca desse sofrimento psicológico, incentivando o diagnóstico e o tratamento dessa psicopatologia. Para tanto, a OMS resolveu destinar o dia 30 de março – data de nascimento de Van Gogh – como Dia Mundial do Transtorno Bipolar. 

O Transtorno Bipolar é uma psicopatologia caracterizada, principalmente, pela alternância de humor. Ou seja, num momento a pessoa experimenta sentimento de euforia (episódio maníaco) e, no momento seguinte, se encontra em estado depressivo (episódio hipomaníaco). Essa flutuação do humor pode ocorrer subitamente e NÃO PRECISA necessariamente de um motivo aparente para a repentina mudança. As causas para o desenvolvimento desse transtorno ainda não foram exatamente estabelecidas. Sabe-se que se trata de uma atividade cerebral incomum de neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina (explico o funcionamento dos neurotransmissores na matéria sobre depressão, publicada neste site).

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), da Associação Americana de Psiquiatria, estabelece três tipos de Transtorno Bipolar:

-Tipo I - Nesse caso, a pessoa apresenta episódios maníacos que duram pelo menos uma semana ou, numa condição mais grave, quando há necessidade de internação imediata. O paciente apresenta, ainda, a presença de episódios hipomaníacos com duração mínima de quatro dias consecutivos e presentes na maior parte do dia, quase todos os dias. Além disso, o paciente apresenta episódio depressivo maior (depressão), com duração de, pelo menos, duas semanas;

- Tipo II – Quando a pessoa apresenta um ou mais episódios depressivos maiores com duração de, pelo menos, duas semanas, acrescido de episódio hipomaníaco com duração mínima de quatro dias consecutivos. A diferença é que nesse caso o paciente não apresenta episódios maníacos. A quantidade de episódios hipomaníacos e depressivos maiores é superior no Transtorno Bipolar do Tipo II do que no Tipo I.

- Transtorno ciclotímico – A pessoa desenvolve um quadro crônico de oscilação de humor, com períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos distintos entre si. Cabe ressaltar que esses sintomas depressivos têm número, gravidade e duração insuficientes para serem considerados episódios depressivos maiores. Os sintomas são apresentados por pelo menos, 2 anos em adultos e 1 ano em crianças e adolescentes. Como são persistentes (cronicidade), o intervalo sem evidência de sintomas não poderá ultrapassar dois meses de duração.

O Transtorno Bipolar provoca grande sofrimento psicológico, tanto para as pessoas diagnosticadas, quanto para familiares e pessoas próximas. A seguir, veremos os prejuízos funcionais derivados desse transtorno. Vamos conhecê-los?

Os prejuízos funcionais causados pelo transtorno bipolar

O maior prejuízo funcional associado ao Transtorno Bipolar é o risco aumentado para suicídio. Segundo a literatura especializada, uma pessoa com essa psicopatologia tem o risco de cometer suicídio aumentado em quinze vezes, se comparado a uma pessoa que não apresenta o transtorno. Diante dessa constatação, fica evidente a gravidade e os prejuízos causados pela bipolaridade.

O DSM 5 menciona que muitos indivíduos com esse transtorno, são capazes de retomar níveis aceitáveis de funcionalidade entre as crises. Contudo, cerca de 30% dos diagnosticados evidenciam prejuízos importantes em seu funcionamento profissional. Imaginemos um empresário com transtorno bipolar. As decisões que necessita tomar no cotidiano da empresa estarão vinculadas ou a uma fase depressiva, ou a uma fase maníaca. Ambas, sem dúvida, se distanciarão de decisões mais equilibradas. Junte-se a isso o fato de proporcionar extrema insegurança nos colaboradores, pois, em determinado momento o patrão demonstra ser uma pessoa acessível, bem humorada, brincalhona, o ambiente de trabalho flui como uma afinada orquestra. No momento seguinte, os funcionários são tratados de maneira ríspida, não há diálogo e palavras ofensivas são pronunciadas. Imaginaram os prejuízos?

O ambiente familiar é um dos mais prejudicados, quando há uma pessoa com Transtorno Bipolar. O desgaste em relações conjugais é potencializado pelas constantes flutuações de humor. As relações entre pais e filhos produzem feridas e distanciamentos, que podem repercutir para o resto da vida. Conviver com uma pessoa bipolar é como morar sobre um vazamento de combustível que pode explodir a qualquer momento. Não se sabe quando, mas haverá uma explosão. Essa incerteza, e preparação para o pior, acaba por fragilizar as relações familiares e torna o convívio num sacrifício para todos. Não há quem não seja atingido!

Tenho o dever de alertar que as constantes mudanças de humor não são atitudes deliberadas pela pessoa acometida pela bipolaridade. Antes, essas mudanças se originam do desequilíbrio de neurotransmissores no cérebro. Com isso, o indivíduo não é aquele personagem eufórico, nem, tampouco, a pessoa depressiva. Isto é, o paciente caminha entre dois extremos bem distintos que trazem seu potencial lesivo em ambos os estados (depressivo e eufórico). Cresce de importância, portanto, identificar os sintomas e procurar ajuda de um médico psiquiatra e um psicólogo. 

A seguir, falarei sobre a importância da terapia no tratamento do Transtorno Bipolar. Vamos conferir?

A psicoterapia é fundamental para o tratamento do transtorno bipolar

Como vimos, o Transtorno Bipolar é uma psicopatologia que traz muitos prejuízos funcionais. As consequências na vida social, profissional e familiar são incontestáveis. Por outro lado, existe tratamento para esse transtorno. Inicialmente, é imprescindível passar por uma consulta com um médico psiquiatra. A partir disso, confirmado o diagnóstico, na maioria dos casos é indicado o tratamento medicamentoso para controlar os episódios maníacos e hipomaníacos. 

A partir do tratamento medicamentoso, é muito importante que seja dado início à psicoterapia. O psicólogo poderá avaliar o paciente e traçar objetivos que proporcionem o autoconhecimento por parte do diagnosticado. Além disso, esse profissional poderá identificar as consequências da bipolaridade nos relacionamentos do paciente. Com isso, poderá propor a abrangência da psicoterapia para familiares, numa tentativa de promover o entendimento dos acontecimentos que trouxeram tanta dor e sofrimento. 

Acredito que, EM TODOS OS CASOS, a psicoterapia seja uma excelente oportunidade de trabalhar as cicatrizes das feridas proporcionadas pela bipolaridade de um familiar. É importante romper com preconceitos. Psicoterapia não é “coisa para maluco”, é coisa para pessoas corajosas, que desejam autoconhecimento, qualidade de vida e melhores relacionamentos, quer profissionais, quer familiares e afetivos. Quanto mais se investe na saúde mental, mais frutos de uma vida equilibrada são colhidos. Reflita sobre isso! Busque ajuda profissional. Não há nada perdido! Lute por você. Lute por quem você ama. Viver é um dom! Viver bem é uma possibilidade mais próxima do que se imagina! Agende sua sessão de terapia. Aguardo seu contato.

   

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