Policial

Falso médico acusado de matar idoso e ameaçar testemunhas vai à júri nesta quarta

Julgamento acontece no Fórum de Sete Quedas e advogada da vítima tem proteção de agentes do Dof



Falso médico está preso e julgamento acontece em Sete Quedas. (Foto: Arquivo)



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Marx Honorato Ortiz, o falso médico acusado pela morte do idoso João Maria Padilha da Silva em dezembro de 2014, em Paranhos, irá a julgamento popular nesta quarta-feira (4) em Sete Quedas. Além do homicídio, ele também responde pelos crimes de exercício ilegal da profissão e  falsidade  ideológica.

O falso médico também foi denunciado por ameaçar testemunhas e também pela  advogada Eliana de Oliveira Trindade, de 61 anos, que atua como assistente da promotoria. Isolada dentro da sua própria casa que fica na divisa com Ipejhu, no Paraguai, ela paga o preço por ter ajudado a colocar na prisão o falso médico Marx Honorato Ortiz.

“Quatro dias depois que ele foi preso, quase fui atropelada por uma caminhonete aqui em Paranhos. Foi tudo muito rápido”, disse Eliana. No dia 20 de outubro ela relatou com exclusividade à reportagem do Jornal Midiamax que estava vivendo sob tensão e sem garantia nenhuma de vida. “Morto não chega no Fórum”, ameaçou o acusado em recado recebido pela advogada.

Ainda segundo a advogada, a uma das testemunhas arroladas no processo ele teria dito claramente que  mesmo estando preso, ele teria  quem fizesse o serviço. “Ele já ficou preso um ano e nove meses e já conhece a malandragem. Ele é muito perigoso e pode cumprir sim o que está falando”, disse Eliana.

“Você não imagina o meu nível de tensão. O promotor pediu até para eu sair da cidade, mesmo depois dele ser preso. O juiz principal  do caso inclusive saiu do processo. Quem está agora é o substituto”, explicou a advogada ameaçada.

“A única que sabe sobre o processo inteiro  sou eu. Fui eu que coloquei as testemunhas e por conta disso ele se revoltou. Ele tentou impugnar e não conseguiu já que o juiz indeferiu. E aí ele passou a fazer as ameaças. Em seguida o juiz ficou assustado e pediu para sair do processo. Mas ele não fez um boletim de ocorrência”, relata Eliana.

A advogada também conta que as duas principais testemunhas arroladas no processo são de Campo Grande. Segundo ela, um o médico que teve seu nome usado por Marx e a outra está inclusive identificada como inimigo do réu e já sofreu tentativa de morte por parte  do acusado.

 

Proteção policial

“Apesar de receosa e apreensiva, estou confiante no corpo de sentença escolhido para atuar neste caso”, relatou a advogada ao Midiamax, que também se sente mais segura agora, uma vez que o secretário atendeu sua novo solicitação de proteção em virtude das ameaças sofridas.

Segundo Eliana, o secretário adjunto de Segurança Pública, coronel Ary Carlos Barbosa, desta vez designou uma equipe de agentes do Dof (Departamento de Operações de Fronteira). “Os policiais estarão me acompanhando desde até o julgamento que acontece a manha e deve durar o dia inteiro”, relatou a advogada.

Morte do paciente

Segundo a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), no dia 14 de novembro, Marx atuava no hospital da Paranhos. Isso, se passando por profissional de medicina. Então, naquele dia João procurou a unidade com dores de cabeça e vômito com sangue, sendo feito o atendimento pelo réu, que fez exames.

No entanto, o falso médico alegou que a vítima estava bem de saúde e que poderia ter tido os sintomas por um abalo emocional. Com isso, João voltou a vomitar sangue e retornou ao hospital já em uma ambulância, mas como havia informação que já tinha sido medicado, acabou voltando para casa.

Já no último retorno, às 18 horas, João foi internado pelo falso médico, enquanto a filha pedia transferência da vítima para Campo Grande ou Dourados. Mesmo assim, Marx se exaltou e chegou a dizer que “quem tinha feito medicina era ele e não ela”. Com tudo isso, João acabou falecendo por volta das 22h30.

Falsidade ideológica

Só em outubro de 2015 a identidade do falso médico foi descoberta, quando o profissional que atuava em Campo Grande procurou a polícia. Assim, ele denunciou que outra pessoa estaria se passando por ele, usando o nome e o registro no Conselho Regional de Medicina para prestar os serviços médicos em Paranhos.

Além disso, o verdadeiro médico chegou a responder à sindicância perante o Conselho pela morte do paciente, que Marx havia atendido. Assim, por entender que Marx assumiu o risco das ações, acabou denunciado por homicídio doloso, aquele em que há intenção.

Ainda após os fatos, João fugiu e só foi preso em 2020. Mesmo assim, também tentou um pedido de habeas corpus, que foi indeferido.