Política e Transparência

Apesar da pandemia, MS tem alta no número de mesários para as Eleições 2020

Em apenas 3 meses, total de inscritos passou de 4 mil; volume de mesários voluntários já supera o das Eleições 2018





Curta nossa Fan Page e fique por dentro de tudo que acontece em Itaporã, Região, Brasil e Mundo!


Mesmo com a pandemia de coronavírus ainda sendo uma realidade, a população de Mato Grosso do Sul seguiu uma tendência nacional e aderiu a um chamamento que, em anos anteriores, costuma ser ignorado por boa parte da sociedade: o número de mesários voluntários para as Eleições 2020, até o início deste mês, já supera o de todo o período da disputa eleitoral de 2018.

Os dados foram fornecidos pelo TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), que contabilizou até o início de setembro a inscrição de 5.100 mesários voluntários. O aumento é de 4,35% em relação a 2018.

As inscrições para mesário vão até o dia 16, o que pode resultar em um avanço ainda maior no número de colaboradores.

Curiosamente, o maior volume de voluntários até aqui apareceu a parir do meio do ano: de janeiro a junho, foram 992 inscritos, média de 165 por mês. De junho a setembro, o número chegou a 4.108, ou mais de 1.300 inscrições por mês.

O número de mesários inscritos nos últimos três meses quase se aproxima do total de voluntários que se apresentaram para as Eleições 2018 (4.887 mesários).

“Após o início da campanha do Mesário Voluntário, observamos aumento no número de eleitores que se inscreveram querendo ser mesários. E quando a Justiça Eleitoral faz o contato com eles e encaminha a convocação, a recepção está sendo melhor. Os eleitores se sentem mais seguros porque obtêm esclarecimentos pela campanha”, explicou Kátia Souza, coordenadora do Grupo de Trabalho de Mesário Voluntário do TRE-MS.

Entre os inscritos, está alguém que há cerca de 20 anos ajuda o processo eletivo. O professor Fernando Antônio Camargo Guimarães, 59, é mesário voluntário em Campo Grande desde 2000. “Acredito que tenho de fazer minha obrigação como cidadão, contribuir de alguma maneira”, considerou ele, que tem a filha também como mesária no processo eletivo.

Para Fernando, o aumento na adesão é resultado de um misto de pensamentos vindos não apenas da pandemia, mas da percepção do cidadão sobre seus arredores.

“O povo tem ficado mais politizado, entendendo a necessidade de se ajudar. Com a pandemia veio esse clamor, com todo mundo participando de campanhas como arrecadação de alimentos. Ficamos mais solidários, e isso se reflete na parte de querer um ‘Brasil melhor’, menos corrupto e com pessoas melhores. ‘Como ajudar? Mesmo que seja na eleição, fazendo acontecer”, afirmou.

Fernando também afirma que, embora o coronavírus assuste, também deve servir para deixar as pessoas mais atentas quanto ao risco de contágio. Por conta disso, a Justiça Eleitoral não usará a biometria (leitura de digitais por meio de uma tela tocada por todos os eleitores da mesma seção) e, no treinamento dos mesários voluntários deste ano –que também acontecerá pela internet–, reservará um espaço para apresentar as regras de biossegurança.

“É bom esse susto porque vai nos deixar prevenido. Se você vai de peito aberto pode relaxar em algumas coisas. O receio nos deixará mais prevenidos para o trabalho em relação ao distanciamento, limpeza, uso de álcool em gel”, considerou.

A adesão da população vai ao encontro de um movimento nacional, a partir de convocação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Neste ano, o médico Dráuzio Varella foi eleito “garoto-propaganda” da campanha que pede a participação da população no processo eleitoral, não apenas como votantes, mas como mesários.

Dráuzio também foi uma das figuras públicas a mais defenderem ações de isolamento e distanciamento social durante a pandemia de coronavírus, algo que acabou retratado na ação: via webcam, o médico faz os apelos para que mais pessoas se candidatem a serem mesários e ajudar o processo eletivo caminhar.

O resultado não aparece apenas no Brasil. Via assessoria, o TSE divulgou que o número de pessoas que se inscreveram para ser mesários voluntários já é recorde, mesmo com as contingências vindas da Covid-19.

O TRE de Tocantins, por exemplo, viu aumentar em 11,52% o total de inscritos em relação a 2018 e em 83,21% na comparação com as eleições municipais de 2016. O acréscimo no Paraná entre 2016 e 2020 foi ainda maior: 98,27%, de 26,2 mil para mais de 52 mil voluntários.

No mesmo período, o TRE do Rio de Janeiro registrou acréscimo de 97,26% (de 11.784 para 23.246 voluntários).

O trabalho de Mesário Voluntário não é remunerado, oferece apenas auxílio-alimentação no turno eleitoral no qual o colaborador atuar. O mesário também tem direito a dois dias de folga para cada um que passar em treinamentos da Justiça Eleitoral ou trabalhando na função.

A “benesse” mais conhecida da função é a preferência no desempate em caso de concurso público (desde que isso seja previsto no edital de realização). O mesário também recebe um certificado por serviços prestados.

Para ser Mesário Voluntário, o eleitor deve ser maior de 18 anos e estar em situação regular com a Justiça Eleitoral. Ele irá atuar dentro da Zona Eleitoral em que estiver inscrito. Não podem exercer a função candidatos e seus parentes até o segundo grau (mesmo por afinidade e incluindo o cônjuge), membros de diretórios de partidos políticos com função executiva, autoridades, agentes policiais e funcionários de confiança do Executivo, bem como funcionários do serviço eleitoral.

Para se inscrever, os interessados em serem mesários podem preencher um cadastro no site do Tribunal Regional Eleitoral ou por meio do aplicativo e-Título, gratuito para sistemas Android e iOS. Se convocado, receberá uma carta no endereço cadastrado na Justiça Eleitoral informando data e local de treinamento.