Política e Transparência

Capital dobra leitos de UTI e ganha fôlego para a pandemia

Investimento em hospitais na última década deixou Campo Grande em situação mais confortável que a de outras cidades brasileiras





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Desde 2012, Campo Grande mais que dobrou o número de vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) disponíveis para a população. A cidade saltou de 149 leitos no setor para 331, contabilizando o Sistema Único de Saúde (SUS) e a rede particular. Para o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende, esse aumento foi essencial para que o município figurasse em situação melhor que a de outras capitais.

Os dados são do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), que tem informações sobre todos os estabelecimentos de saúde do País, tanto públicos quanto privados. De acordo com a base de dados do sistema, em 2012 (data mais antiga que o programa disponibiliza) eram apenas 149 vagas em UTI, sendo apenas 97 do SUS. Já os números mais recentes do programa mostram que a cidade tem 331 leitos no setor, com 170 pelo SUS.

Quanto aos leitos clínicos, o total passou de 568 em 2012 para 784, neste ano.

O que contribuiu para esse aumento foi a inauguração de dois hospitais particulares, o da Unimed (em substituição ao antigo Miguel Couto) e o Hospital da Cassems, além da abertura da Unidade do Trauma na Santa Casa de Campo Grande. Juntos, esses centros médicos somaram mais 77 UTIs à Capital.

“Se não houvesse essa ampliação, com certeza já havíamos entrado em colapso e teríamos de escolher para qual paciente daríamos o leito de UTI, mas isso não só na Capital, no Estado inteiro. Certamente houve avanços, e, por isso, nós estamos com um certo conforto em relação a outras capitais”, declarou Resende.

ESTADO VIZINHO

Recentemente, o sistema de saúde de Mato Grosso entrou em colapso. Algumas atividades que já haviam retornado na cidade tiveram de ser fechadas novamente, por causa do aumento de casos e internações. A falta de leitos é tamanha que alguns pacientes da rede particular de Cuiabá estão internados em UTIs e leitos clínicos de Campo Grande. Outra a vivenciar essa situação foi Manaus, que em abril precisou entrar em lockdown porque todos os leitos de UTI e de enfermaria foram ocupados. A quantidade de mortes no local foi tão grande que não havia coveiros suficientes para realizar os enterros e corpos foram colocados em valas conjuntas.

Nos últimos oito anos, Manaus e Cuiabá investiram centenas de milhões de reais em estádios para a Copa de 2014, hoje subutilizados. A cidade de São Paulo foi uma que chegou a mais de 90% dos leitos ocupados e precisou abrir hospitais de campanha para dar conta de todos os pacientes. Ela fechou o comércio na cidade e conseguiu conter a onda de infecções. Agora trabalha na retomada gradual das atividades econômicas.

A mesma situação ocorreu no Rio de Janeiro, com taxa de ocupação de mais de 90%. A cidade fechou alguns empreendimentos, mas manteve outros e, agora, também está em retomada de atividades.

O presidente da Confederação Nacional de Saúde, Breno Monteiro, porém, avalia que, quando a cidade chega aos 90% de ocupação de leitos, isso já pode ser considerado um colapso, por isso, ele cita também os estados do Pará, Ceará e Maranhão, que tiveram esse problema.

Após aumento dos casos do novo coronavírus, Porto Alegre (RS) já cogita um colapso do sistema de saúde em razão do número de internações. “Temos uma distribuição razoável de leitos e, com a pandemia, ainda fizemos alguns avanços. Isso será um legado muito forte que vai ficar para o pós-pandemia”, declarou o secretário.

 
 

AMPLIAÇÃO

Além dos leitos cadastrados no CNES, a Capital implantou recentemente mais 20 leitos de UTI no Hospital do Câncer Alfredo Abrão, que ainda não estão no sistema da plataforma. Há a expectativa também de que, nos próximos dias, haja um implemento de mais 10 leitos intensivos no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, outros 10 na Santa Casa de Campo Grande e 20 no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o que deixará o município com 210 vagas de UTI pelo SUS.

OCUPAÇÃO

Dados de sexta-feira divulgados pela Prefeitura de Campo Grande indicavam que 84% dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) na Capital estavam ocupados (com pacientes de Covid-19 e de outras enfermidades). “Estamos com 40 leitos ainda vazios, mas todos os dias têm diminuído em média 4 a 5 leitos. A questão não é apenas comprar leitos. Nenhum gestor teve tantos leitos de UTI quanto a nossa administração está tendo”, declarou o prefeito Marcos Trad (PSD).

Em relação aos leitos clínicos, também houve avanços: a cidade passou de 568 em 2012 para 784 neste ano. Mesmo com os avanços, o secretário de saúde alerta que eles podem não ser suficientes caso os números da doença continuem aumentando.

“Sempre houve uma falta de leitos crônica em todo o País. Em Mato Grosso do Sul não é diferente: chegamos no ano passado com a missão de ampliar e conseguimos durante a pandemia acrescer 225 leitos de UTI em todo o Estado, mas temos de atuar nas duas pontas e uma está em falta. A população não está colaborando e não tem respeitado as regras e os decretos municipais. Não vai ter leitos se manter esse crescimento constante”, avisa Resende.

No Hospital da Unimed, por exemplo, as 20 vagas de UTI reservada a pacientes da Covid-19 estavam ocupadas na sexta-feira. O hospital informou que está “trabalhando em um projeto de expansão desses leitos”, mas que enquanto isso não ocorre os pacientes deverão ser destinados a leitos de terapia intensiva que não são UTIs.

Já no Regional, das 87 vagas em leitos críticos (UTI e semi-intensivo), apenas 1 estava disponível no final da tarde de sexta-feira. O hospital é referência para o tratamento da Covid-19 e tinha 73 pacientes com a doença em leitos intensivos, além de 46 na enfermaria. (DA)