Policial

Pandemia e incêndios “sufocam” região do Pantanal e preocupam Saúde

Novos focos de incêndio deixam Corumbá cheia de fumaça, a cereja do bolo do bolo em meio ao vírus que danifica os pulmões



Na segunda-feira, região do Jatobazinho, na Serra do Amolar, em chamas (Foto: Divulgação)



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A região do Pantanal em Corumbá, a 419 km de Campo Grande, não precisava de mais um problema e, no entanto, agora tem. Em meio à pandemia de covid-19 que já levou 12 vidas, chega a temporada de incêndios e autoridades temem que, este ano, seja ainda pior do que em 2019, quando as chamas que atingiram o Pantanal foram as piores do Brasil depois da Amazônia.

A cidade sufoca em meio à dificuldade de respirar. Além do novo coronavírus causar infecção que afeta especialmente os pulmões, a fumaça tem provocado o adoecimento de crianças e idosos nos últimos dias, conforme levantou o Campo Grande News.

Os incêndios que vieram no esteio da seca atípica castigam o Pantanal desde semana passada. Nesta terça-feira (7), duas equipes do 3ª Grupamento do Corpo de Bombeiros tentam controlar foco de incêndio que surgiu às margens do Paraguai. A fumaça é vista da cidade.

A nova área em chamas tem cerca de 20 hectares, conforme o comandante Coronel Luciano Lopes de Alencar, do 3° Grupamento e 10 militares atuam no combate desde segunda-feira (6). Com a proximidade da área urbana e o vento, a fumaça tem chegado à cidade.

Na Serra do Amolar, região de propriedade rural conhecida como Jatobazinho, os esforços são para impedir que o fogo chegue até uma escola criada pela organização Instituto Acaia. A escola voltada às crianças que vivem na região e ficam ali em sistema de internato.

Enfermeira chefe na Santa Casa, Kelly Urquizo afirmou que tem visto o reflexo da fumaça no hospital. “Com certeza tem aumentado muito o número de internações, acomete muitos pacientes idosos, tem aumentado muito os focos. A gente sabe que tem entradas no PS [pronto socorro]”, disse ela.

Ainda sem contarem  com um plano de contenção para o cenário de sufoco, ela afirma que os profissionais de saúde têm orientado as pessoas para que mantenham o ambiente de casa arejado e que tentem umidificá-lo com uso de bacias com água.

Entre as vítimas, crianças também tem sofrido com a dificuldade respiratória, segundo a enfermeira. “Geralmente são idosos e crianças com problema respiratório, asma e bronquite”.

Corumbá também tem o sistema de saúde mais frágil do Estado no que se refere a alta complexidade. Para atender toda a região de saúde, a cidade tem apenas 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 16 respiradores.

Previsão perigosa - Chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros do Estado, o tenente-coronel Waldemir Moreira afirma que a seca é atípica. Conforme explicou, os focos de incêndio que surgiram na Serra do Amolar contaram com a ajuda de um período de cheias, para essa área, que não ocorreu.

O regime de secas e cheias é comum para este bioma, a maior planície alagada do mundo. “Esse ano não teve, inclusive está nos relatos do próprio pessoal que mora lá, peões, proprietários. A gente está esperando que seja muito pior esse ano. Uma coisa é agora, que está mais úmido. Está secando cada vez mais”, disse.

Corumbá já tem 415 casos confirmados de covid-19. Com relação aos incêndios, há 165 novas ocorrências somente nas últimas 24 horas.

Corumbá tem cerca de 65 mil quilômetros de extensão, dos quais 70% estão inseridos no bioma Pantanal. Conforme divulgou o governo do Estado, a cidade concentra 69,7% dos focos de calor. De janeiro a junho, foram 15.097 focos na região, enquanto em todo o Estado, foram registrados 21.652.