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OMS recua e diz existir transmissão da covid-19 por assintomáticos, mas falta ‘saber quanto’

specialistas de diferentes países rebateram declarações



(Foto: Leonardo de França | Midiamax)



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A OMS (Organização Mundial da Saúde) voltou atrás nas declarações dadas na segunda-feira (8) sobre a transmissão da Covid-19 por pacientes assintomáticos. Após reações de especialistas em diferentes países, a organização reconheceu a transmissão por pacientes sem sintomas,mas não sabe dizer a dimensão do processo, nesta terça-feira (9).

“Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo. A questão é saber quanto”, afirmou o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan.

Ainda na segunda, a chefe da unidade de doenças emergentes da OMS Maria Van Kerkhove declarou durante uma coletiva de imprensa que a transmissão do coronavírus por pessoas assintomáticas seria muito rara, com base em estudos de Cingapura.

“Nós temos relatórios de países que estão realizando o rastreamento de contatos (mapeamento de indivíduos que estiveram com pacientes diagnosticados no período de incubação do vírus) de maneira bastante criteriosa. Eles estão acompanhando casos assintomáticos e não identificaram a transmissão para outros indivíduos. É muito raro e muitos desses detalhes ainda não foram publicados na literatura (médica) ”, afirmou Maria.

“Estamos analisando constantemente esses números e seguimos na tentativa de obter mais informações destes países para responder definitivamente a essa dúvida”, completou.

Já nesta terça, a representante da OMS voltou a se pronunciar e reconheceu que alguns modelos estimam uma taxa de transmissão de 40% no caso de pacientes assintomáticos.

Especialistas rebatem
Ainda conforme o Globo, as declarações de Maria Van Kerkhove, foram rebatidas por epidemiologistas de vários países que lembraram de estudos consolidados sobre o papel dos assintomáticos e que parte expressiva do contágio pelo coronavírus é promovido por pacientes na fase pré-sintomática (que contraíram o vírus e ainda não manifestaram os sintomas).

Além disso, estima-se que o vírus comece a ser transmitido dois a três dias antes da manifestação dos primeiros sintomas.

“Eu fiquei muito surpreso com a declaração da OMS. Isso vai contra a minha percepção dos dados científicos que sugeriram, até agora, que pessoas assintomáticas e pré-sintomáticas são importantes fontes de contágio para outras pessoas”, disse Liam Smeeth, professor de epidemiologia clínica na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, pontuando que desconhece dados que embasariam a fala de Maria.

“ (Considerar os pacientes assintomáticos) Tem importantes implicações para medidas de identificação, rastreamento e isolamento que estão sendo implementadas por vários países”, afirmou Babak Javid, consultor de doenças infecciosas do hospital da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

Para a infectologista da SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) Mariana Croda, a afirmação da OMS não tem respaldo científico suficiente até o momento. “A maior parte dos estudos indicam que os assintomáticos ou leves transmitem menos que os graves todavia não é possível afirmar ausência de transmissão”,disse ao Jornal Midiamax.