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Ao menos nove Estados e o DF registram atos pacíficos contra o governo Bolsonaro

Atos tiveram bandeiras como combate ao racismo e defesa da democracia



A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo montou um esquema especial de policiamento. (Imagem: TABA BENEDICTO/ESTADÃO CONTEÚDO)



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Grupos contrários ao governo do presidente Jair Bolsonaro promoveram manifestações pacíficas neste domingo, 7, em ao menos nove Estados. Atos públicos com bandeiras diversas, como o combate ao racismo e a defesa da democracia e do impeachment, provocaram aglomerações especialmente na capital paulista, onde o protesto teve maior adesão. Os manifestantes, no entanto, procuraram manter uma distância mínima entre si, nem sempre com sucesso, mas usando máscaras. Já os protestos a favor de Bolsonaro foram registrados em menor número.

Após o encerramento do ato realizado no Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, por volta das 16h40, houve um princípio de tumulto logo contido pelas próprias lideranças do movimento. Alguns manifestantes quebraram a porta de uma agência bancária quando caminhavam em direção a uma estação de metrô. Como havia aliados de Bolsonaro na região da Avenida Paulista a caminhada até lá não foi permitia pela Polícia Militar, que acompanhou a movimentação que seguiu pela Rua dos Pinheiros fazendo um cordão de isolamento.

O bloqueio foi feito com escudos e policiais que portavam armas que disparam balas de borracha e bombas de efeito moral. Alguns manifestantes entregaram cravos para integrantes da PM para fazer referência à Revolução dos Cravos, movimento histórico contra os fascistas em Portugal. Alguns policiais aceitaram as flores, mas depois foram orientados a devolvê-las.

 

Mais cedo, a manifestação contra Bolsonaro chegou a fechar um trecho da Avenida Brigadeiro Faria Lima no meio da tarde. Parte das pessoas carregavam faixas com os dizeres “Fora Bolsonaro”, outros levantavam cartazes questionando ações do governo nas áreas cultural e indígena, além de palavras de ordem contra ataques a negros, como a vereadora Marielle Franco, assassinada há dois anos no Rio.

No carro de som que estacionou no largo discursos a favor da democracia e direitos humanos foram feitos por líderes dos movimentos que une torcidas de futebol, estudantes e ativistas ligados ao PSOL, único partido a levar bandeiras ao ato.

Já na Avenida Paulista, um grupo de manifestantes a favor de Bolsonaro se reuniu na esquina com a Rua Pamplona, próximo ao prédio da Fiesp. Eles carregavam faixas que pediam “intervenção militar” e outras com críticas ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Com bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo, os apoiadores de Bolsonaro ficaram a maior parte do tempo sobre a calçada, na esquina, sem número suficiente para ocupar as faixas de trânsito O tráfego de veículos na via não foi afetado entre 11h e 15h30

Além de pedir “intervenção militar com militar no poder”, alguns manifestantes defendiam interesses de suas categorias profissionais. Duas pessoas carregavam uma faixa que pedia a reabertura de barbearias na cidade. Não houve registro de ocorrências policiais no movimento.

Capitais

Nos demais Estados, os atos também ocorreram com tranquilidade. Em Brasília, protestantes ocuparam parte da Esplanada dos Ministérios para se posicionarem contra o presidente Jair Bolsonaro e contra o racismo. A Polícia Militar fez um cordão de isolamento para impedir que os manifestantes avançassem até a Praça dos Três Poderes.

A exemplo das manifestações ocorridas em 2016, durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, grupos a favor e contra o governo se dividiram entre os dois lados da Esplanada. Do lado esquerdo da via, em sentido ao Congresso, ficaram os manifestantes que pedem a defesa da democracia e a saída de Bolsonaro. Do lado direito, poucos manifestantes se uniram em ato pró-Bolsonaro.

Os manifestantes também evitaram utilizar roupas de times ou de torcidas organizadas e bandeiras de partidos político, como forma de demonstrar que o ato era do cidadão e não atrelado a qualquer grupo

Belo Horizonte, Belém, Rio, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Fortaleza e Goiânia também registraram atos políticos neste domingo. Na capital mineira, a concentração de opositores a Bolsonaro se deu na Praça da Bandeira, região sul, e seguiu em direção à Praça Sete, no centro. O representante da Unidade Popular (UP), Leonardo Péricles, que participou da manifestação, justificou o ato em plena pandemia. “Não temos as melhores condições de lutar, mas temos que lutar. A bandeira ‘Fora Bolsonaro’ tem que ser a bandeira do povo brasileiro”, disse.

Já em Belém, um forte esquema de segurança impediu uma manifestação contra o presidente ao longo da manhã. A capital do Pará também não teve atos a favor do presidente da República. Organizado pelas redes sociais, o movimento anti-Bolsonaro estava marcado para acontecer às 9h, em frente ao mercado de São Brás. Antes do horário previsto, no entanto, tropas da Polícia Militar, incluindo a de Operações Especiais, a cavalaria e também a Força Nacional, impediam qualquer tipo de aglomeração. Cerca de 50 manifestantes foram detidos e levados para uma delegacia.

O representante do movimento antirracista de Belém, Raphael Castro, repudiou a ação dos policiais. “Tivemos um diálogo muito limitado e não conseguimos expor aos agentes da segurança pública os motivos pelos quais estamos aqui. Desde o início esse era um ato que pretendia manter o distanciamento social e os protocolos de higiene”, explicou.

Em entrevista ao Estadão, o delegado da polícia civil, Renan Souza, coordenador da ação, disse que as pessoas estão sendo ouvidas individualmente. “Estamos analisando cada caso. Não tivemos depredação de patrimônio público, confronto nem resistência. Eles estão aqui para dar esclarecimentos ao descumprimento do decreto estadual que proíbe a aglomeração de pessoas”, informou. (Colaboraram André Borges, Denise Luna, Pedro Venceslau, Isabel Cristina, Angelo Sfair, Leonardo Augusto, Lucas Rivas, Fernanda Lima, Lôrrane Mendonça e Roberta Paraense)