Policial

Justiça libera golpista que exigiu R$ 33 mil de idoso para livrá-lo de espíritos e doenças

Suspeita adquiriu celular, roupas e vários objetos com dinheiro da vítima





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O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida concedeu nesta quarta-feira (06) liberdade à mulher de 22 anos presa sob suspeita de extorquir aproximadamente R$ 33 mil de um idoso, sob a justificativa de que o dinheiro seria usado para protegê-lo de espíritos ruins e mantê-lo saudável. Em sua decisão, o magistrado considerou não haver antecedentes criminais contra a investigada. Ela terá que comparecer em juízo regularmente, para comprovar endereço e confirmar outras atividades.

Conforme investigações da 2ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, no mês de outubro do ano passado um senhor de 73 anos foi abordado pela jovem no estacionamento de supermercado da região norte da Capital. Na ocasião, ela vendia facas na companhia de seu marido e dois filhos menores. A mulher teria solicitado ao aposentado que a ajudasse comprando seus produtos. 

Durante a venda, ela iniciou uma conversa com a vítima, que atua como horticultor,, na qual fez uma série de perguntas pessoais. Quando o senhor já estava indo embora, a suspeita disse pressentir que ele sofreria um derrame cerebral. Para impedir tal doença, a autora fez uma suposta oração de proteção e realizou uma cirurgia espiritual no homem, lá mesmo no estacionamento.

 

Para comprovar a eficácia da oração, ela pediu que o idoso comprasse no mercado algodão e ovo e trouxesse para ela. Já com os produtos, segundo relato da vítima, a jovem colocou o algodão e o ovo em sua mão e o quebrou, tendo o algodão ficado manchado de vermelho, por conta de ‘sangue’, o que seria a prova do sucesso da cirurgia espiritual. 

Como recompensa, a suspeita pediu que seu a vítima comprasse um celular para ela no próprio local. Agradecido e ludibriado, o idoso adquiriu, mediante várias prestações, um aparelho de cerca de R$ 10 mil para a moça, que já anotou seu contato. A partir de então, a mulher trocou várias mensagens com a vítima, nas quais sempre dizia que o mesmo corria riscos, pois trabalhos espirituais haviam sido feitos contra ele. 

Nestes trabalhos, pessoas teriam pago a quantia de R$ 40 mil a espíritos malignos, de forma que, para quebrar a maldição, o senhor teria que pagar a mesma quantia, ou até mais, para os “espíritos benfeitores”. Os pagamentos eram feitos em encontros marcados no estacionamento do mesmo supermercado. A mulher chegava, cada vez em um carro diferente, e pedia para que o aposentado entrasse nele. 

Ela então colocava uma cruz em sua mão, pedia que depositasse o dinheiro previamente requisitado em uma sacola e fechasse os olhos, enquanto rezavam para os espíritos. Caso o dinheiro sumisse da sacola, era sinal de que as entidades benfeitoras haviam aceitado a oferta e levado-a para o mundo espiritual. Todas as vezes, o dinheiro sumia da sacola, tendo as oferendas totalizado cerca de R$ 20 mil.

Além destes pagamentos, o aposentado teria ido com a suspeita em um shopping da Capital e gastado por volta de R$ 3 mil em roupas, como forma de realizar atos de benevolência que anulavam os efeitos dos trabalhos feitos contra ele. Para dar todas essas quantias à mulher, o horticultor fez empréstimos com o banco, agiotas e parentes. Estes, ao fazerem questionamentos sobre a destinação de tanto dinheiro, ficaram sabendo da extorsão que ele sofria.

Com a ajuda de um advogado, procuraram a polícia que os orientou a marcar um novo encontro com a mulher, pois esta seguia insistindo nas doações para quebra da maldição. Assim, na tarde de terça-feira (5), o aposentado encontrou-se novamente com a jovem no estacionamento do supermercado. Quando esta, porém, exigiu mais dinheiro, foi presa em flagrante por policiais que acompanhavam a ação.