Mato Grosso do Sul

Em abril, MS teve 7,7 mil pedidos de seguro-desemprego

Maioria das solicitações ocorreu em Campo Grande, onde 5,7 mil pessoas perderam emprego e pediram o auxílio



Centenas de pessoas aglomeram-se em busca de auxílio - Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado



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A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) resultou em aumento do número de desempregados em Mato Grosso do Sul. Consequência do fechamento de alguns estabelecimentos e da redução do número de funcionários em outros. O total de pedidos de seguro-desemprego em abril já chega a 7,7 mil em todo o Estado.

Conforme dados da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab), em abril, o número de requisições para o auxílio é de 5,5 mil em todo o Estado, das quais 3,5 mil foram realizadas em Campo Grande. Já a Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat), órgão municipal, informou que até esta terça-feira (28) registrou 2,2 mil pedidos na Capital.

 De acordo com o diretor-presidente da Funtrab, Enelvo Felini, a fundação tem recebido 172 pedidos diários, 115% a mais do que antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Antes da crise econômica, a média de pedidos diários era 80.

“O grande problema é que atualmente a gente tem a perda desses empregos, mas não tem reposição. Antes, muita gente saía, mas muitos outros entravam para o mercado de trabalho. Não é o que percebemos atualmente', disse o diretor-presidente Enelvo Felini, que ainda ressaltou que o número de requisições pode ser muito maior.  

“Hoje, 20% dos pedidos de seguro-desemprego de MS são realizados por meio digital, então, esses pedidos não passam por nós', reforçou.

O diretor-presidente da Funsat, Luciano Martins, disse que o período de pandemia ocasionou uma média de 200 pedidos de seguro diariamente. “A gente atende muita gente, porque há os que procuram novas vagas e auxílio emergencial também. Mas o que mais temos atendido é referente a seguro-desemprego. Somente em abril, temos mais de 2,2 mil pedidos aqui de Campo Grande', explicou.

DEMISSÕES

Dados oficiais sobre demissões não foram divulgados, mas alguns segmentos da economia estadual já contabilizam números de funcionários demitidos no período de pandemia do novo coronavírus. É o caso dos setores de hotéis, bares e restaurantes, que já sentem o efeito da crise nos negócios.

No setor de bares e restaurantes, o número de desligamentos em Campo Grande chega a 3 mil, conforme estimativa divulgada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MS).  

Segundo o presidente da associação, Juliano Wertheimer, no Estado, as demissões podem chegar a 50% do efetivo.

“Nós, atualmente, temos 30 mil funcionários no setor de bares e restaurantes em Mato Grosso do Sul. Conforme estimativa que fizemos, podemos chegar a 50% de demissões neste período, ou seja, 15 mil trabalhadores considerando o pior cenário', explicou o presidente da Abrasel.  

O representante do setor destaca que, com as medidas anunciadas pelo governo federal, como suspensão de contrato de trabalho e redução salarial, e caso os empréstimos forem facilitados, o número de desempregados pode ser menor. “Acredito que a gente precisa de uma retomada gradual e organizada. É essa instabilidade nas decisões que impacta no número de demissões. Se a gente retorna e depois tem de fechar de novo, é pior. Então, a gente precisa de previsibilidade para conseguir se planejar. Alguns empresários já adotaram férias coletivas, suspensão de contrato por dois meses e, se conseguirem acessar mais facilmente as linhas de financiamento, certamente não chegaremos ao pior cenário', considerou Wertheimer.  

Já no setor hoteleiro, a estimativa é de que 350 funcionários foram demitidos até o momento, conforme projeção da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Mato Grosso do Sul (Abih-MS).  

“Aqui em Campo Grande, tivemos mais de 120 colaborados demitidos; no Estado, a gente estima que o número deve ser o triplo. Temos regiões mais impactadas por causa do turismo, como Pantanal e Bonito. A tendência é de que esse turista retorne somente em 2021, o que deve causar um impacto forte para a rede hoteleira', informou o presidente da Abih-MS, Marcelo Mesquita.

Algumas outras associações e sindicatos foram procurados pela reportagem, mas não tinham números de trabalhadores desligados no período.

Governo federal não divulga dados desde janeiro

Os números oficiais de desempregados não estão sendo divulgados pela Secretaria de Trabalho, do Ministério da Economia, desde janeiro de 2020. O último balanço oficial do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é correspondente ao mês de dezembro de 2019.