Política e Transparência

Vereadores esperneiam e xingam, mas constrangidos vão revogar reajuste imoral nos próprios salários

Ângelo Mendes (Republicanos) não participou da votação porque tinha compromissos por problemas de saúde



Mesmo tentando ludibriar a população, ao insistir que notícia “não é verdadeira”, vereadores vão revogar reajuste nos salários do prefeito, vice e secretários (Foto: Arquivo)



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Os vereadores de São Gabriel do Oeste espernearam e xingaram quem divulgou, criticou e condenou o reajuste nos próprios salários, do prefeito, da vice-prefeita e dos secretários municipais em meio à pandemia do coronavírus. No entanto, constrangidos, eles recuaram e apresentaram novo projeto de lei para revogar o aumento e manter os mesmos subsídios pagos neste ano para a legislatura de 2021-2024.

Após O Jacaré divulgar o reajuste na cidade de 26,7 mil habitantes, que não conta com nenhum leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tratar prováveis vítimas da temível Covid-19, os parlamentares tentaram ludibriar a população. Inicialmente, chamaram a reportagem de “mentira”.

Até usaram dinheiro público e o site do legislativo para repetir que era mentira. No entendimento do presidente da Câmara, Valdecir Malacarne (PPS) e seus seguidores, só houve fixação dos valores para a próxima legislatura. Mesmo custando mais ao cidadão, ele repetiu a tese de que só houve “correção” do subsídio.

A “mentira” ia custar caro aos cofres de São Gabriel do Oeste. O salário do prefeito teria correção de 6,84%, passando dos atuais R$ 22.136,75 para R$ 23.650,90 a partir de janeiro de 2021. Já o vencimento pago a cada um dos 11 vereadores teria acréscimo de 6,44%, de R$ 7.136,48 para R$ 7.596,68. O salário da vice-prefeita Ivone Pierezan e dos secretários municipais passa de R$ 11.068,37 para R$ 11.825,44.

A presidente da 21ª subseção da OAB/MS, Célia Regina Bernardo, publicou nota de repúdio contra o aumento nos salários dos vereadores, prefeito e todo o primeiro escalão de São Gabriel do Oeste. Ela classificou o aumento como imoral e inoportuno, mesmo sendo legal.

Nesta sexta-feira (3), todos os vereadores assinaram dois projetos de lei, que serão votados na próxima terça-feira e vão revogar o reajuste. “Diante da repercussão negativa de que os vereadores aumentaram os próprios salários, mesmo que isso não seja verdade, várias manchetes foram propagadas nos meios de comunicação, causando transtornos à imagem do Legislativo e dos vereadores, que sempre tiveram boa imagem perante a comunidade”, informaram, no site da Câmara Municipal. (veja aqui)

O recuo foi noticiado pelo site do legislativo nesta sexta-feira (Foto: Reprodução)

Rogério Rohr (PDT) celebrou a vitória dos moradores de São Gabriel do Oeste em vídeo publicado nas redes sociais. Na sua opinião, a força do povo obrigou os colegas de parlamento a recuar e desistir do “reajuste coronavírus”.

Somente ele e mais dois vereadores foram contra o aumento: Luizinho Freitas (PSDB) e Vagner Trindade (PSB).

O reajuste contou com o voto favorável dos vereadores Fernando Rocha (PSB), Marcos Paz (PSB), Ramão Gomes (PTB), Roberto Emiliani (MDB), Rose Pires (MDB), Rosmar Alves (Progressistas) e Valdecir Malacarne.

Ângelo Mendes (Republicanos) não participou da votação porque tinha compromissos por problemas de saúde.

Os vereadores de Amambai aprovaram reajuste de até 45% nos próprios subsídios, inclusive do prefeito, vice-prefeito e secretários. Dr. Bandeira (PSDB) anunciou que vetou o projeto devido à pandemia do coronavírus.

Os vereadores de Jardim iriam recuar do reajuste de 13,02% no salário do prefeito Guilherme Monteiro (PSDB), do vice -prefeito e dos secretários em sessão desta sexta-feira. Em Bandeirantes, a Câmara aprovou o congelamento dos valores para a próxima legislatura.

Em Campo Grande, os 29 vereadores continuam mantendo o reajuste de 26% e podem receber R$ 19 mil a partir de 2021. O subsídio do prefeito Marquinhos Trad (PSD) teve reajuste de 4,1%, mas foi anulado pela Justiça.

Fonte: O jacarè / EDIVALDO BITENCOURT